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Brasil pressiona EUA, que atacam plano de retorno
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao avaliar que o Brasil e os
países latino-americanos já fizeram "o que puderam" em relação à crise política de Honduras, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse
que os Estados Unidos e a
União Europeia ainda "têm
meios" de pressionar pela volta
do presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya.
"Quando eu digo EUA, é porque têm os meios. A União Europeia também tem alguns
meios, porque dá ajuda que inclusive vai para o Orçamento
de Honduras", afirmou Amorim, ressalvando que não fazia
ali qualquer tipo de cobrança.
O chanceler já transmitiu aos
EUA a opinião brasileira em telefonema à colega americana,
Hillary Clinton, na sexta-feira.
O Brasil já suspendeu análise
de financiamento para projetos
de infraestrutura e acordos militares, além de congelar programas de cooperação. A UE
também suspendeu US$ 92 milhões em ajuda nesta semana.
Já os EUA suspenderam US$
16,5 milhões dos cerca de US$
180 milhões que enviam a Honduras. Washington não retirou
seu embaixador de Tegucigalpa
e não atendeu aos apelos de Zelaya para que suspenda os vistos dos golpistas e apoiadores.
Os EUA recebem 70% das exportações do país, que abriga
uma base militar americana.
OEA, EUA e prudência
Ao lado da chanceler do México, Patrícia Espinosa, com
quem se reuniu ontem, o ministro brasileiro sugeriu que a
OEA (Organização dos Estados
Americanos) pode ser "ainda
mais explícita" sobre como
seus membros devem agir.
Espinosa defendeu novas
ações da OEA, mas fez ressalvas
quanto a sanções econômicas.
"É por isso que a OEA continua a ser importante. Os EUA
são membros da OEA, o Canadá é da OEA. Se for necessária
uma nova decisão da OEA que
seja ainda mais explícita para
dar cobertura a ações de todos
os membros -cada um fará na
sua proporção e na sua possibilidade-, acho que esse pode ser
um caminho", disse Amorim.
A OEA suspendeu Honduras
da organização com base na
Carta Democrática, de 2001,
mas o texto não prevê imposição de sanções econômicas.
O governo Barack Obama enfrenta intenso ataque de oposicionistas republicanos que são
contra as sanções a Honduras,
argumentando que o golpe
contra Zelaya foi um freio ao
avanço chavista na região.
O secretário-geral da organização, o chileno José Miguel
Insulza, ainda pedia ontem que
tanto Zelaya como o governo
golpista considerassem a proposta de acordo feita pelo mediador Óscar Arias, presidente
da Costa Rica.
Os EUA também apelaram
por um acordo. Foram os únicos a criticar abertamente a
tentativa do deposto de voltar a
Honduras. Questionado, o Departamento de Estado classificou de "imprudente" qualquer
ação de Zelaya ou "de outros
países" que possam aumentar
os riscos de violência.
O chanceler Amorim evitou
comentar o plano de volta, que
conta com apoio da Venezuela.
O brasileiro disse que o mundo
não tolerará agressões a Zelaya.
A presidente do Chile, Michelle
Bachelet, alertou para o risco
de "um banho de sangue".
Com agências internacionais
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