São Paulo, sexta-feira, 24 de julho de 2009

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Brasil pressiona EUA, que atacam plano de retorno

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao avaliar que o Brasil e os países latino-americanos já fizeram "o que puderam" em relação à crise política de Honduras, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que os Estados Unidos e a União Europeia ainda "têm meios" de pressionar pela volta do presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya.
"Quando eu digo EUA, é porque têm os meios. A União Europeia também tem alguns meios, porque dá ajuda que inclusive vai para o Orçamento de Honduras", afirmou Amorim, ressalvando que não fazia ali qualquer tipo de cobrança.
O chanceler já transmitiu aos EUA a opinião brasileira em telefonema à colega americana, Hillary Clinton, na sexta-feira.
O Brasil já suspendeu análise de financiamento para projetos de infraestrutura e acordos militares, além de congelar programas de cooperação. A UE também suspendeu US$ 92 milhões em ajuda nesta semana.
Já os EUA suspenderam US$ 16,5 milhões dos cerca de US$ 180 milhões que enviam a Honduras. Washington não retirou seu embaixador de Tegucigalpa e não atendeu aos apelos de Zelaya para que suspenda os vistos dos golpistas e apoiadores.
Os EUA recebem 70% das exportações do país, que abriga uma base militar americana.

OEA, EUA e prudência
Ao lado da chanceler do México, Patrícia Espinosa, com quem se reuniu ontem, o ministro brasileiro sugeriu que a OEA (Organização dos Estados Americanos) pode ser "ainda mais explícita" sobre como seus membros devem agir.
Espinosa defendeu novas ações da OEA, mas fez ressalvas quanto a sanções econômicas.
"É por isso que a OEA continua a ser importante. Os EUA são membros da OEA, o Canadá é da OEA. Se for necessária uma nova decisão da OEA que seja ainda mais explícita para dar cobertura a ações de todos os membros -cada um fará na sua proporção e na sua possibilidade-, acho que esse pode ser um caminho", disse Amorim.
A OEA suspendeu Honduras da organização com base na Carta Democrática, de 2001, mas o texto não prevê imposição de sanções econômicas.
O governo Barack Obama enfrenta intenso ataque de oposicionistas republicanos que são contra as sanções a Honduras, argumentando que o golpe contra Zelaya foi um freio ao avanço chavista na região.
O secretário-geral da organização, o chileno José Miguel Insulza, ainda pedia ontem que tanto Zelaya como o governo golpista considerassem a proposta de acordo feita pelo mediador Óscar Arias, presidente da Costa Rica.
Os EUA também apelaram por um acordo. Foram os únicos a criticar abertamente a tentativa do deposto de voltar a Honduras. Questionado, o Departamento de Estado classificou de "imprudente" qualquer ação de Zelaya ou "de outros países" que possam aumentar os riscos de violência.
O chanceler Amorim evitou comentar o plano de volta, que conta com apoio da Venezuela. O brasileiro disse que o mundo não tolerará agressões a Zelaya. A presidente do Chile, Michelle Bachelet, alertou para o risco de "um banho de sangue".


Com agências internacionais


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