São Paulo, sexta-feira, 24 de julho de 2009

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Governo sul-africano ameaça ação dura para conter protestos

Onda de revolta, porém, continua e leva milhares às ruas de Johannesburgo

Karel Prinsloo/Associated Press
Em Johannesburgo, manifestantes fazem ato contra governo

DA REDAÇÃO

O governo da África do Sul ameaçou ontem agir com toda a firmeza contra as violentas manifestações que se espalham pelo país, nas quais a população reivindica ação efetiva contra o desemprego e a falta de serviços essenciais.
"A lei tem que seguir seu curso. Vamos responder duramente [à violência]. Não vamos permitir que ninguém alcance seus objetivos por meios ilegais", afirmou o ministro da Governança Cooperativa, Sicelo Shiceka, a uma rádio local.
A ameaça teve pouco impacto nos revoltosos, que prometem continuar com os atos. Os protestos elevam a pressão contra o presidente Jacob Zuma, que assumiu em maio prometendo ajuda aos pobres e já enfrenta a primeira recessão nacional em 17 anos e greves generalizadas.
Depois da prisão de mais de cem pessoas e de confrontos com a polícia nesta semana, os protestos de ontem foram menos violentos. Em Ramaphosa, região pobre de Johannesburgo, milhares voltaram às ruas, mas não se chocaram contra os policiais fortemente armados enviados ao local.
"Quero viver como Zuma, em uma casa com eletricidade. Estou cansado de viver em um barraco, quero um vaso sanitário com descarga", disse Nicolas Mabitsela, um dos manifestantes presentes no ato.
Ramaphosa foi um dos palcos das agitações contra imigrantes que no ano passado deixaram 62 mortos. O temor da renovação das tensões contra estrangeiros afetou outra cidade, Balfour, onde 30 imigrantes se refugiaram em uma delegacia de polícia.
Em Durban, houve saques em supermercados, e 94 pessoas foram presas.
Analistas alertam que o governo não está dando a devida atenção ao problema. "Comunicados sobre as virtudes da lei e da ordem, a retórica vazia sobre sua vontade de atuar e ameaças de tolerância zero contra a "anarquia" só demonstram a distância entre o Estado e a facção de seu povo engajada na rebelião", afirmou Richard Pithouse, professor de política da Universidade Rhodes.


Com agências internacionais


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