São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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DIPLOMACIA

País onde 5% falam português e que se separou da Indonésia faz transição do direito muçulmano para o romano

Brasil vai ajudar a reerguer Judiciário em Timor Leste

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Uma equipe brasileira formada por uma juíza de São Paulo, um promotor de Justiça de Taubaté e dois defensores públicos do Rio de Janeiro parte amanhã para Dili, capital de Timor Leste (país insular no sul da Ásia).
Nos próximos 12 meses, o trabalho dessa equipe será ajudar no processo de consolidação do sistema judiciário timorense e na reconstrução do país, que tenta se reerguer após anos de ocupação indonésia e de uma guerra civil.
"Esse é um projeto pioneiro no Brasil e decorreu de uma demanda específica do governo timorense e de organismos internacionais que lá estão", diz o embaixador brasileiro Carlos Alfonso Iglesias, que coordena o projeto de cooperação Brasil-Timor Leste.
Assinado em 2002, o projeto de cooperação já rendeu frutos também na área da educação. Professores brasileiros foram para Timor ensinar a professores locais o português, uma das línguas oficiais do país -a outra é o tétum.
Ex-colônia portuguesa, em 1975 Timor Leste foi ocupado pela Indonésia. Em 1999, um referendo decidiu pela independência e deu início a uma guerra civil que destruiu o pequeno país, com território menor que Sergipe. Cerca de 5% da população fala português.
Segundo Iglesias, além de auxiliar no treinamento e capacitação de juizes, promotores e defensores públicos de Timor, a equipe brasileira também atuará na Justiça local enquanto durar a missão.
"Timor decidiu adotar o direito romano, o mesmo usado no Brasil, para substituir o muçulmano, aplicado durante a ocupação indonésia. Mas boa parte dos advogados, juízes e promotores não tinha conhecimento do sistema e precisa ser capacitada", disse.
"Hoje o país já tem um arcabouço legal mínimo para funcionar. Já está estabelecida constitucionalmente a distribuição dos tribunais e existe um Ministério Público independente. O que ainda não existe em condições suficientes são quadros que possam atender às demandas satisfatoriamente."
O projeto de fortalecimento da Justiça timorense custará cerca de R$ 1 milhão, a serem divididos entre o governo brasileiro -por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC)-, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e o governo de Timor Leste.


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