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Chirac diz que "não
há alternativa às
Nações Unidas"
DE NOVA YORK
Em coro com o discurso do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o presidente da França, Jacques Chirac, condenou países-
leia-se Estados Unidos- que tomam decisões relativas à segurança internacional sem o aval das
Nações Unidas.
"Num mundo aberto, ninguém
pode se isolar, ninguém pode agir
em nome de todos e ninguém pode aceitar a anarquia de uma sociedade sem regras. Não há alternativa às Nações Unidas", sentenciou Chirac.
O ataque do presidente francês
a ações unilaterais continuou: "O
multilateralismo é moderno e é o
único meio possível para revolver
todos os problemas contemporâneos na sua globalidade e complexidade", disse ontem. Chirac foi o
quarto orador na abertura da Assembléia Geral realizada ontem.
O antagonismo em relação a
pontos da política externa americana também ficou evidente
quando Chirac afirmou que só
participaria do esforço de reconstrução sob a égide de uma resolução da ONU que reduza o poder
dos EUA sobre a força multinacional e preveja a rápida transferência de poder aos iraquianos.
Os EUA aceitam a participação
dos capacetes azuis, mas insistem
em que o comando se mantenha
nas mãos dos americanos.
Apesar do duro discurso, Chirac, mais tarde, negou atritos com
o presidente dos EUA, George W.
Bush. ""Estamos de acordo na
maioria das coisas. Entre amigos
não se pode estar sempre de acordo sobre tudo."
O chanceler (premiê) alemão,
Gerhard Schröder, por sua vez,
declarou, após encontro com Annan, que a Alemanha estaria disposta a cooperar para operações
de segurança no Iraque.
"Desse modo, a comunidade internacional e o povo iraquiano,
em torno de um ponto comum,
terminarão com décadas de tragédia que acometeram esse grande país", declarou.
À tarde, em coletiva de imprensa, Chirac afirmou ainda que, se
os EUA não compreenderem que
o povo iraquiano vê a presença
americana na região como uma
invasão, todo o esforço de paz no
país estará ameaçado.
Para o presidente francês, em
posição que também é defendida
pela Alemanha, uma transferência de poder- ainda que gradual- deveria começar imediatamente.
"O Iraque já tem condições de
elaborar uma Constituição própria", argumentou.
Outro ponto de ataque aos EUA
do discurso do chefe de Estado
francês foi a defesa do estabelecimento de um Tribunal Penal Internacional.
Em gestação há vários anos na
ONU, a criação de uma corte permanente para o julgamento de
crimes de guerra tem os EUA como um dos seus principais opositores.
Mas há, pelo menos, um ponto
de convergência entre Bush e Chirac: a preocupação com a proliferação de armas de destruição em
massa. Em seu discurso de ontem,
Chirac exigiu o desmantelamento
total do programa nuclear da Coréia do Norte e também exigiu
transparência do governo iraniano com relação a seus projetos
nucleares -suspeita-se que Teerã queira desenvolver armas atômicas.
Reforma da ONU
O momento de fragilidade da
ONU, desencadeado após a Guerra do Iraque, é creditado à falta de
representatividade do Conselho
de Segurança da ONU, na avaliação do presidente francês.
Chirac destacou que os cinco
membros permanentes do Conselho- França, EUA, Reino Unido, China e Rússia- não são
mais capazes de representar um
universo composto por 191 países.
O líder francês defendeu a criação de assentos permanentes para
a Alemanha e o Japão e também
para países do mundo em desenvolvimento.
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