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São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

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Para presidente dos EUA, o estabelecimento de uma democracia no Iraque se irradiará pelo Oriente Médio

Bush pede colaboração e defende guerra

DE NOVA YORK

A colaboração internacional na reconstrução do Iraque e a defesa da atuação americana no país foram a tônica do discurso do presidente dos EUA, George W. Bush, no início dos debates abertos da 58ª Assembléia Geral da ONU.
Num tom conciliatório, Bush elogiou a atuação do Conselho de Segurança da ONU, do qual dispensou a deliberação sobre a invasão do Iraque, e ressaltou sua importância ao bom andamento das relações internacionais.
Em seu discurso de 15 minutos, o presidente dos EUA defendeu a necessidade da Guerra do Iraque, afirmando que o estabelecimento da democracia no país servirá como exemplo para o Oriente Médio e se irradiará pela região.
Bush disse que, graças à iniciativa empreendida pelos EUA, numa coalizão com o Reino Unido, hoje "o povo iraquiano está mais seguro" e todos os países podem usufruir da derrubada do regime de Saddam Hussein, que, segundo discursou o presidente americano, desprezava os direitos humanos e infringia as regras estabelecidas "no mundo civilizado".
Para que a situação melhore no Iraque, onde as tropas americanas sofrem ataques diários contra a ocupação do país, Bush pediu que a ONU se envolva na elaboração de uma nova Constituição local e na preparação de eleições.
"Não há espaço para a neutralidade. Os que celebram assassinatos e ações suicidas não têm lugar em nenhuma religião e não têm lugar na ONU. Países que apóiam o terrorismo são contra a civilização", disse o presidente dos EUA.
No que considerou como um novo Plano Marshall, Bush enumerou a lista de benefícios que a presença americana no Iraque tem gerado à população local.
A construção de escolas, as reformas de hospitais e os programas de saúde pública, especialmente para crianças, estão no rol de iniciativas citadas pelo presidente americano. "Esse é o maior plano traçado pelos EUA desde o Plano Marshall [que ajudou a recuperar a Europa após a Segunda Guerra Mundial]. A ONU pode ser parte disso", declarou Bush.
Diante das críticas feitas pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e por países como a França em relação ao atual unilateralismo dos EUA nas questões internacionais, Bush se defendeu.
"Sei que há alguns membros que discordam das nossa ações, mas estamos nos dedicando à defesa da nossa segurança e dos direitos civis", disse o presidente.
Outro ponto cobrado, sobretudo, pela França é que os iraquianos reassumam o poder em seu país. O presidente Jacques Chirac quer uma transferência simbólica agora e, mais tarde, o repasse das responsabilidades. Bush disse que já está em andamento um cronograma de transferência de poder. Os EUA não aceitam que isso seja realizado rapidamente, porque avaliam que a situação pioraria.
O suposto arsenal de destruição em massa iraquiano também foi destacado. Segundo Bush, as forças americanas continuarão a procurá-las. Ele deixou claro que o combate à proliferação desses armamentos segue prioritário. "Pedi hoje [ontem] ao Conselho de Segurança uma resolução para o combate à proliferação de armas de destruição em massa."
Ao tratar da questão israelo-palestina, outro conflito crucial para a paz mundial, Bush voltou a atacar o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, embora não tenha pronunciado seu nome. Dirigindo-se à delegação israelense, disse que os palestinos têm direito a um Estado próprio, mas deixou claro que essa meta só será alcançada quando for empossada uma nova liderança palestina.


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