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Conselho iraquiano proíbe acesso de TVs árabes a eventos do governo
DA REDAÇÃO
No mesmo dia em que o presidente dos EUA, George W. Bush,
discursava na ONU sobre como a
operação americana no Iraque faria "milhões verem que a liberdade é possível no Oriente Médio", o
Conselho de Governo Iraquiano,
submisso a Washington, barrou o
acesso das redes de TV árabes Al
Jazira e Al Arabiya a imóveis e a
eventos do governo. A medida
deve vigorar por duas semanas.
Em comunicado emitido ontem, o conselho alegou que as
duas TVs -que têm veiculado
gravações atribuídas ao ex-ditador Saddam Hussein e ao terrorista saudita Osama bin Laden-
teriam informações sobre ataques
contra soldados dos EUA no país
antes que eles acontecessem.
"A Al Jazira e a Al Arabiya ultrapassaram os limites ao pôr em perigo a estabilidade e a democracia
e ao encorajar o terrorismo", diz o
comunicado. "O Conselho de Governo se reserva o direito de tomar medidas adicionais, quando
necessário, sem aviso prévio."
Entifadh Qanbar, porta-voz de
Ahmed Chalabi, atual presidente
do conselho, definiu a decisão como "uma medida positiva para
proteger o povo iraquiano do veneno transmitido pelos canais".
Chalabi está em Nova York para a
Assembléia Geral da ONU.
O diplomata americano Paul
Bremer, chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, pode vetar a
decisão. Ele está em Washington
depondo sobre a reconstrução do
Iraque e não se manifestou.
"Verdade é vítima"
A Al Arabiya disse não ter recebido a notificação e operava normalmente. "Tentamos cobrir todos os aspectos da situação no
Iraque da forma mais objetiva
possível, e isso inclui fazer de nosso canal um fórum para todos na
sociedade iraquiana", disse Abdul
Sattar Ellaz, editor da TV.
Já a Al Jazira se disse desestimulada com a decisão do conselho.
"A verdade, porque será mais difícil passar a informação completa, e a liberdade de imprensa são
vítimas", disse o porta-voz da rede, Jihad Ballout. "Mas a maior vítima pode ser o próprio conselho,
que terá dificuldades em falar ao
público árabe, a maior parte de
nossos telespectadores."
Qambar disse, no entanto, que
os dois canais incitam os iraquianos à violência anti-EUA e promovem o sectarismo. "Há a possibilidade de multá-los", afirmou.
"Não permitiremos a exibição de
imagens de soldados americanos
sendo trucidados."
O grupo de defesa da liberdade
de imprensa "Repórteres Sem
Fronteiras", em Paris, afirmou
que a decisão é um "mau sinal".
"Quando a Al Jazira e a Al Arabiya
informam sobre grupos terroristas ou partidos extremistas que
pedem uma ação violenta, eles estão cumprindo seu dever jornalístico", disse o secretário-geral do
grupo, Robert Menard.
Já a Comissão de Proteção aos
Jornalistas, em Nova York, pediu
às autoridades iraquianas que incentivem a imprensa. "Punir organizações jornalísticas levanta
questões sérias sobre como as autoridades iraquianas vão lidar
com a publicação ou com a divulgação de notícias negativas", disse
o coordenador para do grupo para Oriente Médio, Joel Campana.
Com agências internacionais
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