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Presidente americano diz que causa palestina foi "traída"; para o francês, só Arafat pode "impor" a paz aos palestinos
Bush e Chirac divergem sobre Arafat
DA REDAÇÃO
Os presidentes dos EUA, George W. Bush, e da França, Jacques
Chirac, divergiram ontem, durante a Assembléia Geral da
ONU, sobre o papel de Iasser Arafat, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), no processo de paz do Oriente Médio.
"A causa palestina é traída por
líderes que se agarram ao poder
alimentando velhos ódios e destruindo o bom trabalho de outros", disse Bush, sem se referir
diretamente a Arafat, durante seu
discurso nas Nações Unidas.
"Não imagino outra pessoa que
hoje possa impor um acordo [de
paz] aos palestinos que não seja
Arafat", disse Chirac a jornalistas
ontem em Nova York. "Ele é a autoridade, o representante eleito e
legítimo da população palestina.
Não se pode mudar esse fato."
Bush instou Israel a criar as condições para o surgimento de um
Estado palestino pacífico: "A população palestina merece seu próprio Estado, comprometido com
a reforma, o combate ao terrorismo e a construção da paz".
No último dia 18, Bush havia dito que Arafat seria "um líder fracassado". Os EUA -e Israel-
acusam o presidente da ANP de
ser conivente com os grupos terroristas palestinos e tentam descartá-lo como líder palestino.
Arafat nega estar por trás dos
atentados contra Israel.
A divergência entre Bush e Chirac sobre Arafat soma-se ao fosso
existente entre os dois presidentes
em relação ao Iraque.
A França foi o principal adversário dos EUA nos meses que antecederam a guerra e, agora, exige
que Bush transfira a soberania no
Iraque para os iraquianos o mais
rápido possível e dê à ONU um
papel mais relevante no país.
As divergências levaram o conhecido colunista do "New York
Times" Thomas Friedman a escrever um artigo no qual acusou a
França de se comportar como
"inimiga" dos EUA. Os dois países são aliados históricos.
"Já é hora de nós, americanos,
aceitarmos uma verdade: a França não é apenas nossa aliada irritante, não é apenas nossa rival
ciumenta. A França está se transformando em nossa inimiga",
afirmou, na semana passada.
Ao ser questionado ontem, em
entrevista coletiva na ONU, sobre
a opinião de Friedman, Chirac sugeriu não conhecê-lo. "Quem é?",
perguntou a um representante da
ONU. Em seguida, disse: "Numa
democracia, cada um é livre para
fazer suas apreciações".
Assentamentos
O jornal israelense "Haaretz"
relatou ontem que o governo israelense gasta cerca de US$ 560
milhões por ano em subsídios e
despesas com infra-estrutura e
educação para 220 mil colonos judeus que vivem na Cisjordânia e
na faixa de Gaza.
O cálculo não inclui gastos militares. Desde 1967, quando Israel
ocupou a Cisjordânia e a faixa de
Gaza, teriam sido gastos cerca de
US$ 10,1 bilhões em assentamentos nos territórios palestinos.
O jornal afirma ter obtido o valor após três meses de pesquisa.
Sucessivos governos israelenses
se negaram a revelar exatamente
os recursos destinados aos assentamentos judaicos, que são um
dos maiores obstáculos para um
acordo de paz entre israelenses e
palestinos.
Ontem, o Escritório Central de
Estatísticas de Israel divulgou que
o número de colonos israelenses
na Cisjordânia e na faixa de Gaza
subiu 5,7% em 2001. O percentual
de crescimento nos assentamentos é bem superior ao crescimento demográfico de Israel no mesmo período, de 1,6%.
Dos 12 mil novos colonos registrados entre 2001 e 2002, 5.000
vieram de Israel e de outros países. O restante foi atribuído a nascimentos. Em geral, os moradores
das colônias são judeus ortodoxos, que têm mais filhos do que a
média israelense.
Os palestinos dizem que o crescimento das colônias é uma prova
de que as autoridades israelenses
não estão comprometidas com o
processo de paz, que prevê um
congelamento dos assentamentos
e, posteriormente, uma solução
para a questão.
Com agências internacionais
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