DA REDAÇÃO

Uma proposta de restringir algumas práticas durante a missa católica, como dança e a atuação de meninas como coroinhas, está sendo debatida entre lideranças religiosas do Vaticano. Neste mês, a revista católica italiana "Jesus" divulgou trechos de uma versão preliminar de um documento do Vaticano que está sob análise.
O documento proposto ainda está em seus estágios iniciais e passa por revisão de cardeais e outros religiosos encarregados de salvaguardar a ortodoxia da Igreja Católica, informou ontem um funcionário do Vaticano à agência de notícias Associated Press.
Se aprovada, a proposta deve atingir diretamente a Renovação Carismática, movimento dentro da igreja que propõe uma liturgia mais parecida com a das igrejas pentecostais. No Brasil, seu expoente é o padre Marcelo Rossi.
Por meio de sua assessoria, ele informou que não comentaria a proposta porque não tinha informações sobre o assunto.
O documento tem origem numa encíclica (documento produzido apenas sobre assuntos que a igreja considera de extrema importância) lançado pelo papa João Paulo 2º neste ano. Nessa encíclica, a autoridade máxima dos católicos propõe uma linha dura com relação ao que ele considera abusos praticados por fiéis durante a comunhão.

Prática disseminada
Aprovar a proibição de dança pode ser delicado. O próprio papa já celebrou cerimônias com dança e música, tanto no exterior quanto na basílica de São Pedro. O papa também já recebeu aplausos emocionados, inclusive em cerimônias formais.
O Segundo Concílio do Vaticano, no início da década de 60, abriu caminho para diversas mudanças consideradas progressistas, como a celebração da missa na língua local em vez de latim. O objetivo era diminuir a distância entre os fiéis e o clero.
Na encíclica, o papa disse que esperava "banir as nuvens negras de práticas e doutrinas inaceitáveis" com relação à comunhão.
No escritório da Renovação Carismática Católica do Brasil (RCC), a Folha foi informada de que não havia ninguém disponível para comentar o assunto.

Papa doente
Fontes no Vaticano informaram ontem à noite que o papa João Paulo 2º, 83, cancelou sua audiência-geral de quarta-feira devido a um problema intestinal.
O problema não seria sério, mas os médicos teriam sugerido repouso. Durante os quase 25 anos de seu papado, raras vezes o papa cancelou uma audiência-geral em cima da hora.