São Paulo, quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

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Irã reprime homenagem a clérigo opositor

Segundo sites da oposição, forças de segurança enfrentaram manifestantes pró-Montazeri, morto no domingo, em Isfahan

Ao menos 50 pessoas foram presas, entre as quais quatro jornalistas, segundo relatos; Teerã destitui líder opositor da Academia das Artes local


DA REDAÇÃO

Manifestantes iranianos antirregime tiveram ontem novos enfrentamentos com forças de segurança, em Isfahan (a 320 km de Teerã), quando se reuniam para um ato em memória à morte, no domingo, do grão-aiatolá Hossein Ali Montazeri, disseram sites oposicionistas.
Segundo os relatos -que não tiveram confirmação independente-, integrantes da milícia Basij e policiais reprimiram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, deixando vários feridos.
Pelo menos 50 pessoas, incluindo quatro jornalistas, foram detidos, de acordo com o site opositor Parlemannews.
Os relatos foram rejeitados pelo governo local, que acusou a imprensa estrangeira de promover "guerra psicológica contra o regime". "Um pequeno grupo foi dispersado por iranianos comuns", disse o vice-governador da Província, Mohammad Mehdi Esmaili, segundo a agência oficial Irna.
Se confirmados, no entanto, os confrontos terão sido apenas os mais recentes de uma série desatada pelos protestos da oposição contra o que consideram uma reeleição fraudulenta do presidente Mahmoud Ahmadinejad na eleição de junho.
Desde então, e ante a disposição do regime iraniano de não baixar a guarda, opositores têm aproveitado eventos e datas comemorativas para manifestar o descontentamento, dando fôlego à crise que é considerada a pior desde a fundação de República Islâmica, há três décadas.
"Dezenas de milhares de pessoas se reuniram para o memorial [de Montazeri], mas foram atacadas de modo selvagem pelas forças de segurança", disse um morador de Isfahan à agência Associated Press. "Vi ao menos duas pessoas com sangue no rosto. E não deixaram ninguém entrar na mesquita [em que seria realizado o evento]."
Na última segunda, o funeral do clérigo, considerado o padrinho religioso da oposição, já se tornara evento de demonstração maciça contra o regime. Segundo manifestantes, dezenas de milhares compareceram ao cortejo fúnebre de Montazeri.
Entre os detidos nos enfrentamentos de ontem, ainda segundo sites opositores, está o clérigo Masoud Adib, que supostamente lideraria a homenagem a Montazeri e é tido como aliado do candidato opositor Mir Hossein Mousavi, derrotado nas eleições de junho.
Forças de segurança teriam ainda cercado a residência do aiatolá Jalaleddin Taheri, também um crítico do regime, tido como organizador do evento.

Mousavi
Além da repressão aos opositores, Teerã ordenou também a remoção de Mousavi da presidência da prestigiosa Academia de Artes do Irã, cargo ao qual fora indicado no ano passado.
Segundo os veículos ligados aos opositores, a decisão foi tomada pelo Conselho Superior da Revolução Cultural, presidido por Ahmadinejad. O mandatário, que anteontem se encontrava no sul do país, interrompeu viagem para presidir a reunião que removeu Mousavi.

Com agências internacionais



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