São Paulo, quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China abre julgamento de líder dissidente

Liu Xiaobo pode pegar 15 anos de prisão por "incitar a subversão ao Estado'; veredicto deve sair amanhã

DA REDAÇÃO

A China deu início ontem ao julgamento de Liu Xiaobo, um dos mais proeminentes críticos do regime comunista e preso no ano passado por assinar como coautor a "Carta 08", em que pede reformas democráticas. O veredicto é esperado para amanhã. Se condenado, Liu pode pegar 15 anos de prisão.
A audiência inicial, de duas horas, foi fechada, mas diplomatas de países como EUA, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Canadá -que pressionam o governo chinês por sua libertação-, além de apoiadores de Liu, montaram guarda em frente à Corte de Pequim.
Liu responde na Justiça por incitar a subversão ao poder do Estado, uma acusação considerada vaga à qual, segundo grupos de direitos humanos, a China recorre com frequência para justificar a detenção de críticos.
O único familiar autorizado a acompanhar o julgamento é o seu cunhado, Liu Hui, segundo quem Liu aparentava estar, no primeiro dia, bem de espírito e saudável. "Ele admitiu praticar a liberdade de expressão, mas negou ter tentado depor o poder do Estado", disse Liu Hui.
Já um dos defensores de Liu, Shang Baojun, afirmou apenas que "como sempre, Liu Xiaobo acredita ser inocente". A Promotoria não disse o quanto pedirá de detenção no caso de o dissidente ser julgado culpado.
Para os EUA, o julgamento de Liu "não é característico de um grande país". "É um julgamento claramente político que provavelmente levará à condenação política", disse o porta-voz da Chancelaria, P.J. Crowley.
Liu, 53, é crítico literário e ex-professor e já havia passado 20 meses na prisão por participar do protesto estudantil que resultou no massacre da praça da Paz Celestial, em 1989.
Nos últimos anos, tem escrito na internet manifestos em defesa dos direitos civis e da reforma política. Na "Carta 08", Liu pede uma nova Constituição que garanta os direitos humanos, eleição direta para autoridades públicas e liberdade de expressão e religião.
Dos cerca de 10 mil signatários do documento, apenas Liu foi detido. Outros deles, no entanto, vêm sendo assediados pelo governo chinês e, em alguns casos, demitidos de seus empregos, segundo grupos de direitos humanos.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Irã reprime homenagem a clérigo opositor
Próximo Texto: Hamas no exílio irá decidir sobre troca de presos com Israel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.