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China abre julgamento de líder dissidente
Liu Xiaobo pode pegar 15 anos de prisão por "incitar a subversão ao Estado'; veredicto deve sair amanhã
DA REDAÇÃO
A China deu início ontem ao
julgamento de Liu Xiaobo, um
dos mais proeminentes críticos
do regime comunista e preso
no ano passado por assinar como coautor a "Carta 08", em
que pede reformas democráticas. O veredicto é esperado para amanhã. Se condenado, Liu
pode pegar 15 anos de prisão.
A audiência inicial, de duas
horas, foi fechada, mas diplomatas de países como EUA,
Reino Unido, Alemanha, Austrália e Canadá -que pressionam o governo chinês por sua
libertação-, além de apoiadores de Liu, montaram guarda
em frente à Corte de Pequim.
Liu responde na Justiça por
incitar a subversão ao poder do
Estado, uma acusação considerada vaga à qual, segundo grupos de direitos humanos, a China recorre com frequência para
justificar a detenção de críticos.
O único familiar autorizado a
acompanhar o julgamento é o
seu cunhado, Liu Hui, segundo
quem Liu aparentava estar, no
primeiro dia, bem de espírito e
saudável. "Ele admitiu praticar
a liberdade de expressão, mas
negou ter tentado depor o poder do Estado", disse Liu Hui.
Já um dos defensores de Liu,
Shang Baojun, afirmou apenas
que "como sempre, Liu Xiaobo
acredita ser inocente". A Promotoria não disse o quanto pedirá de detenção no caso de o
dissidente ser julgado culpado.
Para os EUA, o julgamento de
Liu "não é característico de um
grande país". "É um julgamento claramente político que provavelmente levará à condenação política", disse o porta-voz
da Chancelaria, P.J. Crowley.
Liu, 53, é crítico literário e
ex-professor e já havia passado
20 meses na prisão por participar do protesto estudantil que
resultou no massacre da praça
da Paz Celestial, em 1989.
Nos últimos anos, tem escrito na internet manifestos em
defesa dos direitos civis e da reforma política. Na "Carta 08",
Liu pede uma nova Constituição que garanta os direitos humanos, eleição direta para autoridades públicas e liberdade
de expressão e religião.
Dos cerca de 10 mil signatários do documento, apenas Liu
foi detido. Outros deles, no entanto, vêm sendo assediados
pelo governo chinês e, em alguns casos, demitidos de seus
empregos, segundo grupos de
direitos humanos.
Com agências internacionais
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