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Acampamento vê surgirem barbearias e cibercafé precários
A US$ 2 o corte, estabelecimento tem fila; conexão com a web custa US$ 0,50
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
Uma barbearia, um cibercafé
e várias biroscas improvisadas
brotaram nos últimos dias no
principal acampamento de desabrigados do terremoto no
Haiti, em frente ao que já foi
um dia o palácio presidencial.
Para o governo haitiano e a
ONU, é preocupante. Quanto
mais estabelecidos os acampamentos, mas difícil será desmontá-los rapidamente.
Ao pé da estátua de Toussant
Louverture, o líder da revolta
que deu a independência ao
país em 1804, Donald Darelus
armou no final da semana passada uma pequena barbearia
com o que pôde salvar de seu
salão.
São três poltronas, um grande espelho (quebrado num dos
cantos) e todo o equipamento
necessário para um corte de cabelo ou uma aparada na barba:
pentes, tesoura e barbeador
elétrico.
Dois ventiladores poderosos
ajudam a combater o calor que
ali é infernal, concentrado por
uma lona de plástico azul.
Homens fazem fila para pagar 100 gourdes (cerca de US$
2) o corte. "Minha barbearia
era aqui perto, e meus clientes
todos vivem por aqui. Continuo
funcionando", diz ele.
Gerador a gasolina
A energia vem de um gerador
a gasolina que Darelus divide
com seu vizinho no "centro comercial", um cibercafé com
dois laptops colocados sobre
duas mesas de madeira numa
barraca improvisada.
Ali, são 25 gourdes (US$
0,50) para navegar por cinco
minutos. O serviço mais procurado é o Skype, de chamada telefônica pela internet. Também
são oferecidas chamadas por
telefone celular.
Uma placa na entrada da barraca promete chamadas internacionais para EUA, Canadá,
França e Antilhas. O sinal para
a internet, diz o proprietário,
vem de um modem que de alguma maneira consegue captar
rede sem fio nas redondezas do
palácio presidencial.
Ainda que de maneira mambembe, algumas leis do capitalismo podem ser observadas no
acampamento.
Num dos cantos da praça, um
barbeiro mais "popular" cobra
bem menos que o relativamente sofisticado "salão" de Darelus. Ali são apenas 35 gourdes
(menos de US$ 1) para cortar o
cabelo -mas não espere confortos como poltronas ou ventiladores.
Especialmente bem-sucedidos são os vendedores de carga
de celular. Na Campo de Marte
há dois deles, trabalhando em
cantos opostos da praça, funcionando com gerador.
Sobre mesinhas de madeira,
um cipoal de tomadas, fios e
adaptadores pode abastecer até
20 telefones celulares por vez.
São 25 gourdes para deixar um
aparelho carregando.
(FZ)
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