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AÇÃO MILITAR
Resistência inimiga provoca primeiras críticas à condução da operação Liberdade Iraquiana
Tática de guerrilha retarda avanço
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os iraquianos estão usando táticas de guerrilha para atrasar o ataque anglo-americano, e isso já
tem causado as primeiras críticas
à condução da ofensiva, e ao modo como foi planejada, usando
menos forças do que a doutrina
militar recomendaria.
A nova doutrina "Choque e Pavor" envolve muito poder aéreo e
forças terrestres relativamente pequenas. A doutrina tradicional,
"força decisiva" ou "avassaladora", envolveria o uso de pelo menos o dobro de forças terrestres
atacantes.
As críticas surgem em parte da
captura de um pequeno grupo de
soldados americanos de uma
companhia de manutenção que
errou o caminho. Foi um ótimo
golpe de propaganda para o governo do Iraque.
Mas está muito longe de ser um
revés -são apenas cinco prisioneiros de uma unidade não-combatente contra mais de três mil
iraquianos capturados até agora.
Mas o incidente mostra como
ainda estão inseguras as linhas de
comunicação atrás do avanço das
tropas dos EUA. Por essas linhas
devem transitar vulneráveis caminhões-tanque com o combustível dos tanques e blindados de
infantaria, assim como água, alimentos, peça de reposição e equipes de mecânicos como os que foram presos.
"Táticas de guerrilha" não são a
mesma coisa que "guerra de guerrilha". A guerra no Iraque é convencional, com forças avançando
em uma linha de frente contra inimigos posicionados no terreno.
A tática básica de guerrilha é tão
antiga quanto a humanidade:
"acertar e correr", "hit and run",
algo que já se fazia na pré-história.
É a tática que os estrategistas chamam de assimétrica, a maneira de
um lado mais fraco revidar contra
o mais forte.
Guerrilha vem do espanhol
"guerilla", pequena guerra, iventada pela população espanhola
em revolta contra Napoleão na
primeira década do século 19. A
"guerra de guerrilha" propriamente dita é um conflito político,
no qual uma população se revolta
e usa essas táticas assimétricas
contra o invasor.
O secretário de defesa americano Donald Rumsfeld apostou em
uma guerra rápida usando forças
terrestres relativamente pequenas
-é o equivalente a duas ou três
divisões (unidade militar com entre 15 mil e 20 homens) avançando rumo a Bagdá, contra cerca de
uma dúzia de divisões iraquianas.
A maneira de compensar o desequilíbrio numérico é usar o poder aéreo para abrir o caminho.
Uma primeira tentativa de usar
helicópteros Apache para começar o processo de "amaciar" o inimigo falhou. O próximo passo será empregar mais aviões de ataque no lugar dos vulneráveis helicópteros.
"Normalmente, com uma força
terrestre desse tamanho indo
contra uma do tamanho da dos
iraquianos, não há como prevalecer rapidamente", afirmou à
agência Reuters o especialista em
estratégia Loren Thompson, do
Instituto Lexington.
"Será que o poder aéreo vai poder compensar isso? Será interessante observar.
Em um comunicado anterior,
Thompson disse que "o poder aéreo pode derrotar inimigos, mas
não pode ocupar território ou impor uma nova ordem política".
A relutância anglo-americana
em penetrar as cidades têm razões
óbvias -a guerra urbana é extremamente arriscada, pois além de
negar a superioridade em armas
de maior alcance e maior poder
de fogo, também inclui a chance
de muitas mortes entre civis.
Relatos de que milícias iraquianas têm combatido sem uniforme
-algo considerado contra as leis
da guerra- indicam que os EUA
vão ter de entrar nas cidades para
impor sua ordem.
Sem uma presença efetiva dentro dos centros urbanos a população também prefere se manter em
cima do muro, conforme se viu
por declarações de pessoas receosas com a volta de Saddam.
As forças já presentes no teatro
de operações têm condições de
tomar Bagdá e de vencer as divisões da Guarda Republicana em
torno dela, especialmente com o
poder aéreo disponível, reconhecem os especialistas. Mas para impor a "pax Americana", as que
ainda estão a caminho em navios
no oceano Índico serão com certeza necessárias.
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