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Caos no sul já provoca crise humanitária
DA REDAÇÃO
O avanço acelerado das tropas
da coalizão liderada pelos EUA
rumo a Bagdá está deixando atrás
de si um vazio de autoridade em
vários povoados e cidades, nos
quais as tropas estrangeiras, incapazes de garantir a segurança, assistem impotentes ao aumento
dos roubos, crimes e ajustes de
conta entre seguidores e adversários do regime iraquiano.
Segundo os militares americanos e britânicos, o objetivo da
operação é chegar a Bagdá o mais
rápido possível, não controlar as
cidades pelo caminho. "Gostaríamos que todas as cidades que estão ficando para trás estivessem
seguras, mas, ao menos no momento, isso não está sendo possível", afirmou um sargento britânico à France Presse.
"Nenhuma estrada da região está segura nesse momento", disse o
chefe de uma patrulha britânica.
Cinco dias após o início da ofensiva terrestre a partir do Kuait,
tropas dos EUA e do Reino Unido
continuam lutando contra focos
de resistência no sul do país, região em princípio considerada
como menos difícil de ser controlada, pois a maioria da população
é xiita e não tem simpatia pelo regime de Saddam.
A falta de segurança também
poderá causar uma crise humanitária devido à interrupção no fornecimento de energia elétrica, no
abastecimento de água e à dificuldade de trazer ajuda humanitária.
"Precisamos de água. Estamos
bebendo água que nem animais
deveriam beber", disse Muhammad Ali, 30, à agência Reuters.
Ontem, o secretário-geral da
ONU, Kofin Annan, pediu uma
ação rápida para ajudar a população de Basra, segunda maior cidade iraquiana, com cerca de 2 milhões de habitantes. "Medidas urgentes precisam ser tomadas para
restaurar a eletricidade e o fornecimento de água à população",
disse. "Uma cidade daquele tamanho não pode ficar sem eletricidade ou água por tanto tempo."
Desde sexta-feira, a principal
planta de tratamento de água de
Basra está fora de operação. Segundo a Cruz Vermelha, a situação é emergencial.
De acordo com agências humanitárias, a chegada substancial de
ajuda deverá demorar dias ou semanas devido à insegurança.
A cidade de Umm Qasr, por
exemplo, onde fica o único porto
iraquiano no golfo Pérsico, poderia ser a porta de entrada de grande quantidade de ajuda humanitária, mas ainda não está sob controle das forças da coalizão. Um
navio carregado de alimentos está
a apenas seis horas do porto, mas
não pode atracar.
Além da preocupação crescente
com a falta de água, energia e alimentos, milícias leais a Saddam
estão resistindo às forças invasoras e provocando pânico na população. Os habitantes do sul do
país também temem uma represália do regime, caso o ditador
Saddam Hussein consiga sobreviver à ofensiva militar. Após a
Guerra do Golfo (1991), o sul do
Iraque sofreu intensas represálias
por terem iniciado uma rebelião
contra o regime iraquiano.
Com agências internacionais
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