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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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Caos no sul já provoca crise humanitária

DA REDAÇÃO

O avanço acelerado das tropas da coalizão liderada pelos EUA rumo a Bagdá está deixando atrás de si um vazio de autoridade em vários povoados e cidades, nos quais as tropas estrangeiras, incapazes de garantir a segurança, assistem impotentes ao aumento dos roubos, crimes e ajustes de conta entre seguidores e adversários do regime iraquiano.
Segundo os militares americanos e britânicos, o objetivo da operação é chegar a Bagdá o mais rápido possível, não controlar as cidades pelo caminho. "Gostaríamos que todas as cidades que estão ficando para trás estivessem seguras, mas, ao menos no momento, isso não está sendo possível", afirmou um sargento britânico à France Presse.
"Nenhuma estrada da região está segura nesse momento", disse o chefe de uma patrulha britânica.
Cinco dias após o início da ofensiva terrestre a partir do Kuait, tropas dos EUA e do Reino Unido continuam lutando contra focos de resistência no sul do país, região em princípio considerada como menos difícil de ser controlada, pois a maioria da população é xiita e não tem simpatia pelo regime de Saddam.
A falta de segurança também poderá causar uma crise humanitária devido à interrupção no fornecimento de energia elétrica, no abastecimento de água e à dificuldade de trazer ajuda humanitária.
"Precisamos de água. Estamos bebendo água que nem animais deveriam beber", disse Muhammad Ali, 30, à agência Reuters.
Ontem, o secretário-geral da ONU, Kofin Annan, pediu uma ação rápida para ajudar a população de Basra, segunda maior cidade iraquiana, com cerca de 2 milhões de habitantes. "Medidas urgentes precisam ser tomadas para restaurar a eletricidade e o fornecimento de água à população", disse. "Uma cidade daquele tamanho não pode ficar sem eletricidade ou água por tanto tempo."
Desde sexta-feira, a principal planta de tratamento de água de Basra está fora de operação. Segundo a Cruz Vermelha, a situação é emergencial.
De acordo com agências humanitárias, a chegada substancial de ajuda deverá demorar dias ou semanas devido à insegurança.
A cidade de Umm Qasr, por exemplo, onde fica o único porto iraquiano no golfo Pérsico, poderia ser a porta de entrada de grande quantidade de ajuda humanitária, mas ainda não está sob controle das forças da coalizão. Um navio carregado de alimentos está a apenas seis horas do porto, mas não pode atracar.
Além da preocupação crescente com a falta de água, energia e alimentos, milícias leais a Saddam estão resistindo às forças invasoras e provocando pânico na população. Os habitantes do sul do país também temem uma represália do regime, caso o ditador Saddam Hussein consiga sobreviver à ofensiva militar. Após a Guerra do Golfo (1991), o sul do Iraque sofreu intensas represálias por terem iniciado uma rebelião contra o regime iraquiano.


Com agências internacionais


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