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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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ALVO ERRADO

Vítimas eram trabalhadores que viajavam em ônibus; EUA dizem que ato foi acidental

Bombardeio mata cinco civis sírios

DA REDAÇÃO

A Síria acusou ontem a coalizão anglo-americana de bombardear um ônibus que transportava trabalhadores sírios que fugiam do Iraque. Cinco civis teriam morrido e vários ficaram feridos.
"Um avião dos EUA ou do Reino Unido bombardeou um ônibus civil que transportava cidadãos sírios que trabalham no Iraque de volta para a Síria. Esse ato criminoso fez com que cinco cidadãos sírios morressem e outros ficassem feridos", afirmou nota oficial do governo sírio.
O incidente ocorreu em território iraquiano, a cerca de 160 km da fronteira síria.
O ataque foi confirmado pelo vice-diretor de operações do Comando Geral dos EUA, general Stanley McChrystal.
Segundo ele, o avião da coalizão tinha como alvo uma ponte no noroeste do Iraque, mas, após a bomba ter sido lançada, o ônibus entrou na ponte e também foi atingido.
"As bombas atingiram a ponte e o ônibus. Baixas assim são lamentáveis. Enviamos nossas condolências aos civis que foram mortos acidentalmente", disse.
Um passageiro entrevistado pela TV síria, contudo, relatou que o veículo integrava um comboio de três ônibus e teria sido bombardeado quando parou para um rápido descanso.
"Os passageiros estavam descendo do ônibus quando houve uma grande explosão. Corremos e, quando viramos para olhar, havia diversos feridos", afirmou o passageiro.
O governo sírio entregou um protesto oficial aos representantes americano e britânico em Damasco, a capital da Síria.
"Esse ato representa uma violação das Convenções de Genebra no que diz respeito à proteção de civis. A Síria condena o ato e se reserva o direito de pedir compensação segundo a lei internacional", disse a declaração.
Os corpos dos mortos foram levados a um hospital da capital síria. "As mortes foram causadas por explosões. Vimos feridas causadas por estilhaços", afirmou Abdullah al Asali, diretor do hospital, à agência Reuters.
As autoridades não permitiram que jornalistas estrangeiros vissem os corpos.
A Síria, que integra o Conselho de Segurança da ONU como membro provisório, opôs-se firmemente à ação militar contra o Iraque durante as discussões nas Nações Unidas.
O Iraque, rico em petróleo, continua a atrair trabalhadores de países vizinhos, apesar de sua economia estar praticamente destruída por quase 13 anos de sanções econômicas (impostas pela ONU em 1990, após a invasão do Kuait pelas forças de Saddam Hussein) e pelos conflitos militares das últimas décadas.
O incidente é mais um de diversos erros ou imprevistos ocorridos desde o início da guerra.


Com agências internacionais


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