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PRISIONEIROS
Veículos impressos imitam TV e também escondem imagens de soldados aprisionados
Mídia americana adota autocensura
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
A imprensa americana adotou
ontem autocensura semelhante à
das televisões do país e escondeu
as imagens, divulgadas no domingo pela TV iraquiana, de soldados dos EUA mortos e mantidos com reféns de guerra.
Dos cinco jornais de maior circulação, só o "Los Angeles Times"
reproduziu as cenas exibidas pelo
canal de Saddam Hussein. Os jornais "USA Today", "The Wall
Street Journal", "The New York
Times" e "The Washington Post"
não trouxeram as imagens.
"Decidimos não publicar as fotos dos soldados mortos ou capturados porque há questões não
respondidas sobre as condições
em que foram feitas e as identidades dos soldados", disse Toby Usnik, diretor de relações públicas
do "The New York Times".
Para o ombudsman do "The
Washington Post", Michael Gleter, "algumas das fotos talvez não
devessem ser publicadas".
Procurado, o relações-públicas
do "Los Angeles Times", David
Garcia, não havia explicado até o
fechamento desta edição os motivos para o jornal omitir as fotos.
"São imagens que nossos inimigos nos mostram. Não temos de
vê-las", afirmou Tim Graham, diretor de análise do Media Research Center, instituição autointitulada "a líder em documentar,
expor e neutralizar o viés da mídia
liberal". Para ele, "quando começa uma guerra, há sempre a discussão de que as pessoas não entendem o que acontece, mas elas
sabem o que é uma guerra".
Robert Jansen, professor de jornalismo da Universidade do Texas, diz que a mídia dos EUA deve
até divulgar imagens negativas de
seus soldados, mas não será o padrão. "Haverá resistência em publicar fotos que mostrem soldados em posição de fraqueza. É um
nacionalismo errado."
Pedido
No domingo, pro meio de um
comunicado, o Departamento de
Defesa solicitou à mídia americana que não reproduzisse as imagens, alegando que precisava primeiro contatar as famílias dos soldados mortos e tidos como reféns. Antes de a discussão explodir, no domingo, a imprensa publicara imagens de soldados iraquianos presos pelos EUA.
A autocensura entre os jornais
de maior prestígio, porém, não foi
acompanhada pelos tablóides.
Em Nova York, por exemplo, o
"Daily News" e o "New York
Post" trouxeram na capa reproduções das fotos de americanos
mortos ou capturados, sob as
manchetes "Ultraje" e "Selvagens", respectivamente.
Mesmo sem as imagens, os
principais jornais americanos
trouxeram ontem reportagens sobre a discussão pública travada
pelas redes de TV no domingo.
Na televisão, o debate continuou ontem. A CNN anunciou
que seguiria a orientação do Pentágono. "Mas mostraremos trechos dos depoimentos dos soldados", disse a âncora Paula Zahn.
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