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TVs árabes exibem
imagens de mortos
JAMES DRUMMOND
DO "FINANCIAL TIMES"
Os corpos de civis iraquianos jazem no chão de ladrilhos ensanguentado de uma clínica em Bagdá. A mão de um funcionário da
equipe de resgate, fotografado na
sexta-feira pelo canal de TV Al Jazeera, do Qatar, hesita e então remove um cobertor, expondo o
corpo de uma criança. O topo de
sua cabeça foi arrancado.
É essa a espécie de imagem, reproduzida em alguns jornais árabes, que os funcionários dos governos norte-americano e britânico mais temem, devido ao impacto explosivo que elas têm sobre a
opinião pública árabe.
Na tarde de ontem, o canal de
TV via satélite também mostrou
imagens geradas pela televisão
iraquiana, de supostos soldados
norte-americanos mortos em
combate perto da cidade de Nassiriya, no sul do Iraque. Mas, quatro dias depois do início da campanha norte-americana e britânica contra o Iraque, funcionários
ocidentais concordam em que esse tipo de cobertura vem sendo
raro, de parte da Al Jazeera e de
suas concorrentes pan-árabes, a
Abu Dhabi e a Al Arabiya.
No Afeganistão, a Al Jazeera,
então a única estação de televisão
em operação no país, foi criticada
por agir como porta-voz para
Osama bin Laden e por não declarar que estava operando sob restrições impostas a ela pelo Taleban. Funcionários do Taleban levavam jornalistas da Al Jazeera a
locais recentemente bombardeados por aviões norte-americanos
para exagerar as baixas civis.
Até ontem, no entanto, a Al Jazeera estava em geral se comportando de maneira judiciosa.
Outro lado
A Al Jazeera exibiu uma grande
porção do debate sobre a guerra
no Parlamento britânico, uma semana atrás, e todos os acontecimentos no Conselho de Segurança da ONU. Depois disso, Ken Livingstone, prefeito de Londres,
apareceu discursando, via tradutor, em uma manifestação londrina contra a guerra, no sábado.
Representando o outro lado da
questão, Peter Hain, assessor do
governo britânico, foi entrevistado. Porta-vozes das Forças Armadas britânicas, no quartel-general
do Comando Central dos Estados
Unidos, no Catar, também foram
filmados oferecendo a visão militar dos acontecimentos. Mas, à
medida que a guerra se intensifica
e aumentam as baixas, o impacto
pleno da cobertura pelas estações
árabes de TV via satélite ainda
precisa ser avaliado. Para um governo em Bagdá desesperado por
exagerar suas baixas militares e
civis, as estações pan-árabes são
vistas como o veículo essencial.
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