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Com protestos, país vive clima de conflito
MARCELO TIEPPO
especial para a Folha, de Assunção
O assassinato do vice-presidente
do Paraguai, Luís Maria Argaña,
criou um clima de guerra civil em
Assunção, capital do país.
Os partidários de Argaña mantiveram-se em vigília na praça da Liberdade, em frente ao Congresso
Nacional. Eles carregavam faixas
com dizeres como "Fora Cubas",
"Abaixo a Ditadura" e "Argaña Vive".
Na madrugada, partidários de
Argaña, acompanhados de sem-terra, entraram em confronto com
a polícia. Houve 30 feridos.
A confusão continuou durante
todo o dia, mas a polícia tentou impedir que partidários de Argaña e
defensores do general Lino César
Oviedo se enfrentassem. Ambos os
grupos usavam rojões como se fossem bombas caseiras.
Para o jornalista Derlis Souza, filiado ao Partido Democrata Cristão, de oposição ao governo de Cubas, com o enterro de Argaña,
houve uma trégua, que não seria
duradoura.
"Os argañistas vão querer revanche. A situação só se acalmou por
causa do enterro do vice-presidente", disse Souza. Argaña foi enterrado às 16h (15h em Brasília).
Muitos jovens pintaram os rostos com as cores da bandeira paraguaia (branco, vermelho e azul). A
greve geral, convocada pra durar
24 horas, no entanto, foi parcial.
O transporte coletivo teve quase
90% de adesão, mas outros setores
não aderiram ao movimento. O
comércio local funcionou normalmente, mas poucas pessoas apareceram para fazer compras.
A greve foi convocada pelas centrais sindicais, a Central Unitária
de Trabalhadores e a Central Nacional de Trabalhadores.
As manifestações foram comandadas pelo setor argañista do Partido Colorado, ao qual também
pertence Raúl Cubas.
Participaram partidos de oposição como o Partido Democrata
Cristão, o Partido Liberal Autêntico, o Partido do Encontro Nacional e o Partido da Revolução.
Tentando acalmar os ânimos dos
manifestantes, os oradores do comício pediam calma e cuidado
com as provocações dos oviedistas. Eles citavam o início do processo de impeachment contra o
presidente Raúl Cubas como prova de que a situação caminha para
uma solução pacífica.
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