São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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Com protestos, país vive clima de conflito

MARCELO TIEPPO
especial para a Folha, de Assunção

O assassinato do vice-presidente do Paraguai, Luís Maria Argaña, criou um clima de guerra civil em Assunção, capital do país.
Os partidários de Argaña mantiveram-se em vigília na praça da Liberdade, em frente ao Congresso Nacional. Eles carregavam faixas com dizeres como "Fora Cubas", "Abaixo a Ditadura" e "Argaña Vive".
Na madrugada, partidários de Argaña, acompanhados de sem-terra, entraram em confronto com a polícia. Houve 30 feridos.
A confusão continuou durante todo o dia, mas a polícia tentou impedir que partidários de Argaña e defensores do general Lino César Oviedo se enfrentassem. Ambos os grupos usavam rojões como se fossem bombas caseiras.
Para o jornalista Derlis Souza, filiado ao Partido Democrata Cristão, de oposição ao governo de Cubas, com o enterro de Argaña, houve uma trégua, que não seria duradoura.
"Os argañistas vão querer revanche. A situação só se acalmou por causa do enterro do vice-presidente", disse Souza. Argaña foi enterrado às 16h (15h em Brasília).
Muitos jovens pintaram os rostos com as cores da bandeira paraguaia (branco, vermelho e azul). A greve geral, convocada pra durar 24 horas, no entanto, foi parcial.
O transporte coletivo teve quase 90% de adesão, mas outros setores não aderiram ao movimento. O comércio local funcionou normalmente, mas poucas pessoas apareceram para fazer compras.
A greve foi convocada pelas centrais sindicais, a Central Unitária de Trabalhadores e a Central Nacional de Trabalhadores.
As manifestações foram comandadas pelo setor argañista do Partido Colorado, ao qual também pertence Raúl Cubas.
Participaram partidos de oposição como o Partido Democrata Cristão, o Partido Liberal Autêntico, o Partido do Encontro Nacional e o Partido da Revolução.
Tentando acalmar os ânimos dos manifestantes, os oradores do comício pediam calma e cuidado com as provocações dos oviedistas. Eles citavam o início do processo de impeachment contra o presidente Raúl Cubas como prova de que a situação caminha para uma solução pacífica.


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