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Síria construiu reator nuclear, dizem EUA
Destruída em 2007 por Israel, instalação teve ajuda da Coréia do Norte e tinha objetivos militares, segundo Washington
Acusação surge quando Damasco anuncia tentativa de acordo com israelenses; conversas sobre programa coreano podem retroceder
DA REDAÇÃO
Os EUA acusaram ontem a
Síria de haver iniciado a construção de um reator nuclear para propósitos militares com a
ajuda tecnológica da Coréia do
Norte. O reator foi o alvo, disse
Washington, de ataque da Força Aérea israelense em 6 de setembro do ano passado.
"A Coréia do Norte ajudou as
atividades nucleares clandestinas da Síria", afirmou em comunicado a porta-voz da Casa
Branca Dana Perino, acrescentando que o reator constituía
uma iniciativa "perigosa e potencialmente desestabilizadora" para o Oriente Médio.
A construção do reator, segundo disseram sob anonimato
alguns membros de alto escalão
do governo americano, foi iniciada em 2003 e ele estava "a
semanas de ser completado".
A acusação, que vem com pedidos de que Damasco se explique, foi acompanhada da exibição, pela CIA, de imagens de vídeo e satélite a parlamentares
americanos, as quais visavam
provar a semelhança entre as
instalações que foram destruídas e um reator norte-coreano
localizado em Yongbyon.
Imad Moustapha, embaixador sírio nos EUA, disse que as
acusações "são ridículas". "[No
Departamento de Estado] mostraram-me fotos de satélite ridículas de uma construção no
deserto sírio que garantiam ser
um reator nuclear; eu lhes disse
que era absurdo e estúpido".
A natureza da instalação síria
destruída por Israel, às margens do Eufrates, no norte do
país, sempre esteve envolta em
mistério. Damasco chegou a reconhecer que o alvo era um
prédio militar, mas nega que
abrigasse um reator nuclear.
A demora da Casa Branca em
dar detalhes sobre o ataque israelense de sete meses atrás fez
surgir especulações sobre sua
real intenção.
A acusação à Síria surge no
momento em que o ditador do
país, Bashar Assad, confirmou
que a Turquia tem intermediado negociações para um acordo
de paz entre Israel e a Síria. Segundo disse Assad ao jornal
turco "Al Watan", essas conversas resultaram em uma oferta
de Israel de devolução das colinas do Golã em troca de um tratado de paz com a Síria. Israel,
que tomou as colinas na guerra
de 1967, recusou-se a comentar
a entrevista de Assad.
O premiê israelense, Ehud
Olmert, já disse haver passado
mensagens para a Síria por
meio da Turquia, mas nunca revelou seu conteúdo.
O ditador sírio afirmou que
as negociações em curso são
iniciais. Segundo Assad, conversações diretas entre seu país
e Israel só podem ser conduzidas com a participação dos
EUA, mas isso não aconteceria
com Bush na casa Branca.
As diferenças entre Damasco
e Washington dão-se em razão
do apoio sírio ao grupo radical
islâmico Hizbollah, que atua no
Líbano, e de suposta ajuda síria
à insurgência no Iraque. "[A Síria] apóia o terrorismo, tenta
desestabilizar o Líbano, permite a passagem de combatentes
para o Iraque", afirmou Dana
Perino em seu comunicado.
Coréia do Norte
As acusações de Washington
devem repercutir também nas
negociações nucleares com a
Coréia do Norte. Embora
Pyongyang esteja desmontando o reator de Yongbyon, uma
batalha diplomática tem sido
travada, com o envolvimento
dos EUA, para que os norte-coreanos providenciem um relatório completo de atividades
nucleares. Tal documento, que
deveria ser entregue no ano
passado, abriria o caminho para que os americanos levantassem sanções contra o país.
Mas os parlamentares vinham pressionando a Casa
Banca para que divulgasse informações sobre o suposto perigo nuclear representado pelos norte-coreanos; tais informações subsidiariam a liberação de verba para mais uma rodada das negociações, que envolvem ainda Coréia do Sul,
Rússia, China e Japão.
Embora as conversas estejam ameaçadas, um membro
do governo americano disse ao
"Financial Times" que os norte-coreanos sabiam que as informações viriam a público.
Com agências internacionais e o "Financial Times"
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