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análise
Caminho da paz passa por Damasco
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
A opção do ex-presidente
americano Jimmy Carter de
ir à Síria, na semana passada,
situa-se num campo de análises que ganha força. A questão palestina poderia tomar
o rumo de algum tipo de
acordo desde que Israel fizesse a paz com os sírios. Há
gente importante em Israel
que concorda com isso.
Não significa necessariamente que a paz com a Síria
tornará tratável, como num
passe de mágica, uma questão, a palestina, que tem se
mostrado cada vez mais intratável. Mas avenidas importantes talvez se abrissem,
foi a esperança que mobilizou Carter.
A Síria controla o Hizbollah, o grupo radical que "desestabiliza" o Líbano e conseguiu macular a imagem de
invencibilidade de Israel. Está envolvida com figuras de
ponta do Hamas, cujos foguetes provocam represálias
brutais de Israel.
A iniciativa de paz de Bush
naufragou nesse fogo cruzado de conflitos. Paz de Israel
com a Síria poderia colocar
um pouco de ordem nesses
desarranjos letais.
Para encerrar o estado de
guerra com a Síria, os israelenses terão de devolver as
colinas do Golã, ocupadas
desde 1967. Mas há dúvidas
de que o premiê israelense,
acusado de incompetência
na guerra com o Hizbollah e
enfraquecido nas pesquisas,
tenha condições de iniciar
caminhada nessa direção,
embora haja informações de
que estaria disposto a isso.
Devolver Golã talvez signifique para a maioria dos israelenses sinal de fraqueza,
num momento de provas de
força. Também Bush seria
empecilho, embora busque
na questão palestina algum
trunfo que melhore sua imagem. Afinal, a Síria é acusada
pelo seu governo de patrocinar o terrorismo.
É sintomático que sejam
levantadas suspeitas sobre
uma associação nuclear entre Síria e Coréia do Norte no
momento em que Carter bate boca com a secretária de
Estado, Condoleezza Rice,
convencido de que passa por
Damasco a paz na região.
Aviões de Israel bombardearam alvos na Síria sem
que se soubesse na época
quais as razões. Advertência
ao Irã? Instalações militares
da própria Síria? Foram as
suposições. Em meio a desdobramentos da incursão de
Carter emergem afinal, dos
porões da inteligência americana, as suspeitas envolvendo, como no Iraque, armas de destruição maciça.
Israel tem arsenal nuclear,
sobre o qual nunca falou oficialmente.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
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