São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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Comandante do Taleban chama trégua no Paquistão

Mehsud foi acusado de ataque que matou Benazir

FARHAN BOKHARI
DO "FINANCIAL TIMES", NO PAQUISTÃO

Um proeminente comandante militar leal à Al Qaeda e ao Taleban ordenou ontem que os seus seguidores suspendessem todos os ataques, em um passo potencialmente crucial para promover a conciliação na instável região noroeste do Paquistão. A oferta de cessar-fogo feita por Baitullah Mehsud se seguiu a declarações conciliatórias do novo governo paquistanês, que deseja abandonar o uso da força militar como forma de lidar com os militantes.
No ano passado, houve alta acentuada no número de ataques suicidas e atentados armados no Paquistão. Muitas dessas ações, ao que consta, foram executadas por voluntários treinados em campos estabelecidos por Mehsud na fronteira entre seu país e o Afeganistão. O líder militante foi acusado de organizar o assassinato da ex-primeira ministra Benazir Bhutto, em dezembro.
"Todos os membros do Tehrik-e-Taliban [movimento do Taleban] são instruídos por Baitullah Mehsud de que quaisquer atividades provocativas estão proibidas, em nome da paz", dizia um panfleto distribuído na região de fronteira.
Funcionários do governo paquistanês disseram que "os panfletos parecem ser genuínos". Um funcionário, que trabalha na área de segurança e pediu que seu nome não fosse revelado, disse que o governo também havia recebido mensagens que confirmavam a oferta de um cessar-fogo.
Rehman Malik, o ministro do Interior interino, recebeu positivamente o gesto. "Se ele [Mehsud] o disse, nós recebemos com agrado. Devemos receber com agrado quaisquer passos positivos".
Mas a perspectiva de um acordo de paz com os militantes da conflituosa região gerou preocupação, porque críticos afirmam que acordos como esses apenas oferecem aos militantes a oportunidade de se rearmar e reorganizar. Diplomatas ocidentais também advertiram que um cessar-fogo construído sobre concessões do governo paquistanês poderia se provar uma faca de dois gumes.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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