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Hamas propõe seis meses de trégua a Israel
Se aceito pelo governo israelense, acordo formalizado pelo Egito porá fim à escalada na faixa de Gaza e ao bloqueio do território
Embaixador afirma não ser possível confiar em grupo; "Post" diz que Olmert usa texto de Bush para seguir construindo na Cisjordânia
DA REDAÇÃO
O grupo radical palestino Hamas propôs trégua de seis meses com Israel na faixa de Gaza,
com a possibilidade de estendê-la para a Cisjordânia, anunciou ontem o ex-chanceler
Mahmoud al Zahar no Cairo.
Israel não se pronunciou oficialmente sobre a proposta,
formalizada pelo Egito. Seu
embaixador na ONU, Dan Gillerman, disse em Nova York
que o Hamas "não é confiável".
Segundo o jornal israelense
"Haaretz", o anúncio significa
"que Israel suspenderia imediatamente toda atividade militar na faixa de Gaza", como prisões, ataques e assassinatos de
militantes, enquanto o grupo
radical, por sua vez, "poria fim
aos disparos de foguetes contra
Israel e ao contrabando de armas para o território".
Zahar afirmou que o acordo
deve ainda incluir o fim do bloqueio de Israel à faixa costeira.
"O movimento concorda com
uma trégua na faixa de Gaza de
seis meses, durante os quais o
Egito trabalhará para estendê-la à Cisjordânia. A trégua tem
de ser mútua e simultânea, e o
bloqueio deve ser suspenso."
Seria a primeira trégua oficial entre as duas partes na
atual escalada. Israel não reconhece o governo do Hamas, que
conquistou maioria parlamentar nas eleições palestinas, em
2006. Já o grupo não aceita a
existência do Estado de Israel.
Segundo Zahar, o chefe de inteligência egípcio, Omar Suleiman, deve se reunir com as demais facções palestinas na terça para discutir o acordo. Suleiman então procuraria o governo israelense para assegurar
seu compromisso com a trégua.
No último fim de semana,
após reunião em Damasco com
o ex-presidente americano
Jimmy Carter, o líder exilado
do Hamas, Khaled Meshaal,
ofereceu uma trégua de dez
anos e a possibilidade de admitir a coexistência com Israel
-sem contudo reconhecê-lo
como país. Israel então declarou que não via "mudanças na
posição extremista do Hamas".
O bloqueio israelense jogou
Gaza numa grave crise humanitária, com cortes de energia e
escassez de alimentos. A ONU
anunciou que, sem combustível para seus veículos, deixará
de distribuir comida em Gaza.
Para complicar, os palestinos
estão divididos: a faixa de Gaza
está sob controle do Hamas e a
Cisjordânia é governada pelo
presidente Mahmoud Abbas,
do Fatah. Embora o partido tenha sido derrotado nas urnas
em 2006, é o único interlocutor
aceito por Israel e pelos EUA
em negociações de paz.
Anuência americana
Reportagem do jornal "The
Washington Post" afirma que o
governo israelense vem usando
uma carta escrita em 2004 pelo
presidente dos EUA, George W.
Bush, ao então premiê Ariel
Sharon como aval para continuar expandindo seus assentamentos na Cisjordânia -um
entrave às negociações de paz.
O atual premiê, Ehud Olmert, cita a carta como permissão para seguir expandindo e
diz "esperar conservar esse
aval" em um futuro acordo.
O texto de Bush afirma ser
"pouco realista" retornar às
fronteiras pré-1967 -as mesmas que os palestinos defendem como as de um futuro Estado seu. O então chefe-de-gabinete de Sharon, Dov Weissglas, disse ao "Post" que a secretária de Estado americana,
Condoleezza Rice, confirmou a
Sharon, em 2005, a interpretação israelense do texto de Bush.
Mas a Casa Branca, que busca o acordo entre Israel e palestinos, nega que a carta avalize a
expansão. O Mapa do Caminho,
plano de paz dos EUA que norteia as negociações, determina
que Israel deixe de construir
em território palestino.
Com agências internacionais
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