São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Taleban recua após acordo com locais no Paquistão

DA REDAÇÃO

O Taleban entrou em acordo com líderes tribais locais e recuou ontem, dois dias após tomar área próxima à capital do Paquistão. Combatentes do grupo iniciaram a retirada do distrito de Buner, a 100 km de Islamabad, para salvar o controverso compromisso que permitiu a adoção da sharia (lei islâmica) na região.
A saída foi negociada pelo clérigo radical Sufi Muhammad, afirmou Syed Mohammed Javed, chefe do governo local. Artífice da pacificação do vale do Swat, ele lidera a ala regionalista dos radicais, mais focada na implantação da sharia do que na insurgência global.
"Nós dissemos [ao Taleban] que temos um compromisso, um acordo de paz, e que eles podiam se tornar um instrumento dos interessados em sabotar a paz", contou Javed, que participou da assembleia convocada pelo Taleban em Buner.
O avanço do Taleban expôs a vulnerabilidade de Islamabad e do cessar fogo no vale Swat. Buner, vizinho ao Swat, integra o acordo entre líderes tribais e o governo paquistanês, que permitiu a adoção da sharia na região. O pacto não tem endosso formal do Taleban.
Fundador do movimento pró-sharia TSNM, atualmente comandado por seu genro e alinhado ao Taleban, Sufi Muhammad foi o principal idealizador do chamado "cessar fogo permanente" no Swat, selado em fevereiro.
Apesar de defender a negociação com "moderados" do Taleban, a Casa Branca recebeu com ressalvas o acordo de fevereiro, alertando sobre riscos de que a área fosse usada como base por insurgentes.
O argumento voltou a ser usado pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, após a tomada de Buner. Hillary fustigou também a pífia reação do governo paquistanês ao avanço do Taleban. Foram enviados cerca de 120 soldados, que não chegaram a iniciar ação contra os radicais.
O Exército paquistanês condenou ontem, em nota, as críticas de "forças externas" à inação em Buner. A "pausa operacional" visava permitir a reconciliação, mas a retomada militar do distrito jamais foi descartada, afirmou.

Aliança Custosa
A aliança com Islamabad está saindo cara demais, na opinião de congressistas americanos. Mesmo entre democratas, há ressalvas ao plano da Casa Branca, que pretende triplicar o auxílio não militar ao país.
A estratégia vê a presença de radicais no Afeganistão e no Paquistão como problema único e considera a estabilização do país crucial para a paz afegã. Prevê ainda uma escalada militar. O plano enfrenta crescente resistência de democratas céticos sobre o futuro da Guerra do Afeganistão e a eficácia dos gastos crescentes na região.


Com "New York Times" e agências internacionais

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