São Paulo, Domingo, 25 de Abril de 1999
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CÚPULA
Aliança discute ação fora de suas fronteiras e prepara texto dúbio sobre autoridade do Conselho de Segurança da ONU
Otan redefine sua missão estratégica

das agências internacionais


A Otan preparou ontem a nova estratégia da aliança militar para o século 21. Segundo a França, o ponto principal é a relação com o Conselho de Segurança da ONU (Nações Unidas).
Líderes dos 19 países-membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão reunidos em Washington desde a última sexta para as comemorações dos 50 anos da aliança. O encontro termina hoje.
"Nosso objetivo nesta manhã é tornar a aliança apta para o século 21", disse o secretário-geral da Otan, o espanhol Javier Solana, na abertura da sessão de ontem.
O dia foi dedicado à definição da uma nova missão estratégica para a Otan. O objetivo era ampliar o raio de ação da organização, adaptando-o à situação de Kosovo.
Isso significa permitir que ela atue fora das fronteiras de seus países-membros (como está ocorrendo na guerra atual) para conter crises regionais ou outras ameaças à sua segurança.
A tendência, porém, era estabelecer que a aliança se limitaria a operações na área euro-atlântica. Até a tarde de ontem, não havia um definição mais específica sobre a extensão dessa região.
O ponto mais polêmico da discussão, no entanto, era a relação entre a Otan e o Conselho de Segurança da ONU.
A França insistia que ações da Otan devem ser submetidas ao CS. Os EUA pretendiam evitar o poder de veto de Rússia e China no Conselho. Alegavam que a operação em Kosovo não teria sido possível se fosse necessária a chancela da ONU, pois teria sido vetada por russos e chineses.
Segundo diplomatas citados pela agência de notícias "Reuters", o texto final do novo documento da Otan deve reafirmar a "autoridade do Conselho de Segurança e a sua responsabilidade primordial" na manutenção da paz e da segurança no mundo.
Com essa redação ambígua -pois a responsabilidade do CS é primordial, mas não única-, os dois lados devem ficar satisfeitos. Posterga-se assim a disputa para futuras interpretações, dependendo de cada situação.
"A crise em Kosovo ressaltou a importância da Otan e o imperativo de modernizar nossa aliança para os desafios do século 21", afirmou o presidente dos EUA, Bill Clinton.
Apesar dessas redefinições estratégicas, a Otan reafirmou que manterá o princípio básico que levou à fundação da aliança, em 1949, diante da ameaça de expansionismo soviético: a mútua defesa, isto é, a Otan se compromete a defender qualquer um de seus membros que for atacado.


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