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CÚPULA
Aliança discute ação fora de suas fronteiras e prepara texto dúbio sobre autoridade do Conselho de Segurança da ONU
Otan redefine sua missão estratégica
das agências internacionais
A Otan preparou ontem a nova estratégia da
aliança militar
para o século 21.
Segundo a França, o ponto principal é a relação
com o Conselho de Segurança da
ONU (Nações Unidas).
Líderes dos 19 países-membros
da Otan (Organização do Tratado
do Atlântico Norte) estão reunidos
em Washington desde a última
sexta para as comemorações dos
50 anos da aliança. O encontro termina hoje.
"Nosso objetivo nesta manhã é
tornar a aliança apta para o século
21", disse o secretário-geral da
Otan, o espanhol Javier Solana, na
abertura da sessão de ontem.
O dia foi dedicado à definição da
uma nova missão estratégica para
a Otan. O objetivo era ampliar o
raio de ação da organização, adaptando-o à situação de Kosovo.
Isso significa permitir que ela
atue fora das fronteiras de seus
países-membros (como está ocorrendo na guerra atual) para conter
crises regionais ou outras ameaças
à sua segurança.
A tendência, porém, era estabelecer que a aliança se limitaria a
operações na área euro-atlântica.
Até a tarde de ontem, não havia
um definição mais específica sobre
a extensão dessa região.
O ponto mais polêmico da discussão, no entanto, era a relação
entre a Otan e o Conselho de Segurança da ONU.
A França insistia que ações da
Otan devem ser submetidas ao CS.
Os EUA pretendiam evitar o poder
de veto de Rússia e China no Conselho. Alegavam que a operação
em Kosovo não teria sido possível
se fosse necessária a chancela da
ONU, pois teria sido vetada por
russos e chineses.
Segundo diplomatas citados pela
agência de notícias "Reuters", o
texto final do novo documento da
Otan deve reafirmar a "autoridade
do Conselho de Segurança e a sua
responsabilidade primordial" na
manutenção da paz e da segurança
no mundo.
Com essa redação ambígua
-pois a responsabilidade do CS é
primordial, mas não única-, os
dois lados devem ficar satisfeitos.
Posterga-se assim a disputa para
futuras interpretações, dependendo de cada situação.
"A crise em Kosovo ressaltou a
importância da Otan e o imperativo de modernizar nossa aliança
para os desafios do século 21", afirmou o presidente dos EUA, Bill
Clinton.
Apesar dessas redefinições estratégicas, a Otan reafirmou que
manterá o princípio básico que levou à fundação da aliança, em
1949, diante da ameaça de expansionismo soviético: a mútua defesa, isto é, a Otan se compromete a
defender qualquer um de seus
membros que for atacado.
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