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O FUTURO DE MILOSEVIC
Cedo ou tarde, presidente deve ceder
do enviado especial
Nos anos 90, o presidente Slobodan Milosevic sempre cedeu quando necessário para se perpetuar no
poder. Perdeu repúblicas da antiga
Iugoslávia (Eslovênia, Croácia e
Macedônia) e aceitou uma solução
ocidental para a Guerra da Bósnia.
Na crise de Kosovo, deve se comportar da mesma forma, mas não é
possível precisar quando cederá.
Milosevic começa a sentir o peso
da guerra com a Otan, que tem
bombardeado pilares de seu poder
econômico e político (sede do partido e empresas da família).
O cenário ideal para Milosevic é
tentar um acordo com a aliança
ocidental agora, ajudado pela mediação da Rússia, que se colocou
contra o bombardeio ocidental
desde o seu início, em 24 de março.
Aceitaria o envio de tropas internacionais a Kosovo, com composição russa e de países da ONU (Organização das Nações Unidas) que
não pertençam à Otan, com exceção da Grécia, que apóia o bombardeio a contragosto. A Otan rejeita essa fórmula porque deseja
uma vitória incontestável.
Um segundo cenário para o ditador é apostar no medo da Otan de
uma ofensiva terrestre. Pagando
um preço alto, a Iugoslávia resistiria por meses ao bombardeio que
destrói sua infra-estrutura e ao
embargo naval petrolífero, que
agravaria ainda mais a asfixia econômica.
Por fim, acabaria aceitando tropas sob o comando da Otan, mas
tentaria costurar um acordo para
permanecer no poder.
O terceiro cenário é um ataque
terrestre a Kosovo. A aliança militar ocidental tem poder para acabar com o Exército iugoslavo, mas
as baixas a fariam pagar um preço
nunca desejado.
A Otan tem dito que o destino de
Milosevic é assunto dos iugoslavos, dando a entender que não
contesta sua liderança no país. No
entanto, essa disposição mudará se
tiver que adotar o caminho mais
sangrento. Para ajudar a reconstrução do país, exigiria a derrubada de Milosevic do poder.
Nesse cenário, pode surgir como
liderança alternativa um personagem que tem se equilibrado no último mês entre o nacionalismo
sérvio e a manutenção de canais
com o Ocidente: Vuk Draskovic,
vice-primeiro-ministro da Iugoslávia e líder do partido SPO (Movimento de Renovação Sérvio). Os
outros líderes políticos são extremistas ou nacionalistas de menos.
(KA)
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