São Paulo, domingo, 25 de junho de 2000


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Jovem japonês não participa

EMIKO TERAZONO
DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO

O clima de desencanto com a política é generalizado entre muitos japoneses, frustrados com a recessão prolongada, os escândalos e a politicagem partidária. Entre os que se sentem mais distantes da política e menos representados por ela estão os jovens.
Para a professora de inglês Maho Nunome, 27, "não faz diferença se você vota ou não. Tudo é decidido nos bastidores".
Seu sentimento é compartilhado por muitos de sua geração. Segundo sondagem da Associação para a Promoção de Eleições Justas, que procurou avaliar as atitudes dos eleitores na faixa dos 18 aos 29 anos, apenas 6% se disseram satisfeitos com a política. Menos de 2% opinaram que é possível confiar nos políticos.
O que mais desanima os jovens eleitores é o abismo de gerações que os separa da imensa maioria dos políticos, além do sistema eleitoral no qual o voto conservador rural vale várias vezes mais do que o voto urbano e mais jovem.
Segundo Jiro Yamaguchi, professor da Universidade de Hokkaido, existe entre os jovens um sentimento profundo de frustração. "O sistema não procura ouvir a geração mais jovem. Muitos de meus alunos não têm falta de interesse pela política, mas não sabem o que fazer para mudar."
Existe o temor de que essa frustração profundamente enraizada e o vazio de lideranças possa representar solo fértil para a atuação de políticos populistas interessados em atrair o voto jovem.
"Seria fácil surgir uma situação na qual um político poderia ganhar status de líder quase religioso", disse Noriko Hama, do Instituto Mitsubishi de Pesquisas.
"Veja o caso da seita Aum Shinrikyo e seu grande número de seguidores jovens", disse ela, referindo-se à seita religiosa que, em 1995, orquestrou um ataque com gás sarin no metrô de Tóquio.
Os analistas esperam que uma nova geração de políticos com idéias reformistas possa infundir vida nova ao cenário, mas poucos políticos parecem estar se esforçando para isso.


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