São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Eleição em Buenos Aires vira prévia da oposição para 2011

Prefeito da capital, Mauricio Macri, deve sair fortalecido na disputa pela sucessão da presidente Cristina Kirchner

Outra rival do kirchnerismo, Elisa Carrió, pode perder força em postulação à Casa Rosada se não conseguir se eleger deputada federal


THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Ofuscada pela disputa na Província de Buenos Aires (que não inclui a cidade de mesmo nome), a eleição para cargos legislativos nacionais na capital da Argentina, segundo maior distrito eleitoral do país (9% dos votos nacionais), traz surpresas na reta final e terá papel decisivo na definição de candidaturas presidenciais opositoras para 2011.
A eleição de domingo renova metade da Câmara dos Deputados (127 cadeiras) e um terço do Senado (24 cadeiras). A capital elege 13 deputados.
A eleição na Província de Buenos Aires atrai atenções porque, além de ser o maior distrito do país (37% dos votos), é onde o governo Cristina Kirchner joga todas as suas fichas, com a candidatura à Câmara do ex-presidente Néstor Kirchner, que disputa o primeiro lugar com a Unión-PRO, frente de centro-direita do empresário e deputado federal Francisco De Narváez.
Já a eleição na capital tem a oposição como protagonista -o kirchnerismo luta apenas pelo terceiro lugar. O voto é dado aos partidos, que montam listas de candidatos -quanto mais votos, mais postulantes são eleitos.
Todas as pesquisas apontam vitória do PRO, sigla do prefeito Mauricio Macri. Ex-presidente do Boca Juniors, Macri é aliado de De Narváez e opositor ferrenho dos Kirchner.
O triunfo de sua lista na cidade, encabeçada por sua ex-vice, Gabriela Michetti, deve render ao PRO pelo menos 5 das 13 cadeiras em disputa. Também abre caminho para a candidatura de Macri à Presidência em 2011, dada como certa.
Se Macri nada de braçada na capital, o mesmo não ocorre com o Acordo Cívico e Social -a união entre União Cívica Radical, rival histórica do peronismo (partido do governo), e a Coalizão Cívica de Elisa Carrió, segunda colocada nas eleições presidenciais de 2007.
Pesquisa divulgada ontem mostra que a frente radical, até então cômoda no segundo lugar, está em empate técnico (18,1% contra 17,7%) com a lista do cineasta de esquerda Fernando "Pino" Solanas, a surpresa da eleição na cidade.
"Parte da classe média progressista migrou para Solanas", disse à Folha o analista de opinião pública Orlando D'Adamo. O cineasta mantém discurso de tom ambientalista, crítico a Macri e aos Kirchner.
Uma performance ruim do Acordo Cívico e Social em Buenos Aires enfraqueceria Carrió, até então referência na oposição no país e que preferiu ser terceira candidata na lista da frente, encabeçada pelo ex-presidente do Banco Central Alfonso Prat-Gay.
A própria Carrió reconheceu que poderá ficar de fora do Congresso, o que será um revés na disputa pela postulação presidencial em 2011 pela frente radical, que disputa com o vice-presidente, Julio Cobos, e o governador de Santa Fé, Hermes Binner. "Não sei [se serei candidata à Presidência], depende da cidade de Buenos Aires."


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