UOL


São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"VOTO CAMARADA"

Repórteres sem Fronteiras foi suspensa como membro consultivo da Comissão de Direitos Humanos, em Genebra

Brasil apóia Cuba em ação contra ONG nas Nações Unidas

DA REDAÇÃO

A pedido de Cuba -e com o voto favorável do Brasil-, a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), uma importante organização de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa, sediada em Paris, foi suspensa por um ano como membro consultivo da Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Suíça).
A RSF diz ter sido punida porque alguns de seus membros fizeram um protesto, durante a mais recente sessão da comissão, em março, contra a decisão do órgão de permitir que a Líbia, país que há anos é alvo de críticas dos defensores dos direitos humanos, assumisse a sua presidência.
"Insistimos que entregar a cadeira ao regime do coronel [Muammar] Gaddafi foi uma vergonha", disse a RSF em nota. A ONG disse que não teve a oportunidade de explicar suas ações.
"A suspensão de uma das únicas organizações de defesa da liberdade de imprensa com status consultivo na Comissão é uma decisão injusta", afirmou a RSF.
O regime líbio é um dos mais duros entre os países árabes e já teve envolvimento com ações terroristas, entre elas a explosão em 1988 de um Jumbo da Pan Am em Lockerbie, na Escócia, que matou 270 pessoas e resultou em sanções da ONU à Líbia.
O país norte-africano que Gaddafi governa desde um golpe de Estado em 1969 é suspeito de praticar torturas, detenções prolongadas e execuções extrajudiciais.
A Comissão de Direitos Humanos da ONU é integrada por 53 países, e a presidência é definida por um sistema de rodízio. Entre 17 de março e 25 de abril últimos, coube à Líbia presidi-la.
Ontem, a RSF publicou um relatório criticando o declínio da comissão como instância de defesa dos direitos humanos devido à ação de países totalitários, como China e Cuba.
E sugeriu mudanças para recuperar o prestígio da comissão, como limitar o direito de voto de países que não ratificaram os principais tratados de direitos humanos, entregar a presidência a um especialista em direitos humanos e abolir instrumentos que paralisam debates no órgão.
De acordo com a RSF, votaram a favor da suspensão: África do Sul, Arábia Saudita, Azerbaijão, Benin, Brasil, Butão, Burundi, China, Congo (ex-Zaire), Cuba, Egito, Etiópia, Gana, Índia, Irã, Jamaica, Quênia, Líbia, Malásia, Moçambique, Nepal, Nigéria, Paquistão, Qatar, Rússia, Uganda e Zimbábue.
Votaram contra: Alemanha, Andorra, Austrália, Chile, Coréia, El Salvador, Estados Unidos, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Guatemala, Hungria, Irlanda, Itália, Holanda, Nicarágua, Peru, Portugal, Romênia, Suécia, Ucrânia e Reino Unido.
Abstiveram-se Argentina, Equador, Japão e Senegal.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Leis promulgadas por Alfonsín impediram novos processos
Próximo Texto: Outro lado: Suspensão teve base técnica, diz Itamaraty
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.