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"VOTO CAMARADA"
Repórteres sem Fronteiras foi suspensa como membro consultivo da Comissão de Direitos Humanos, em Genebra
Brasil apóia Cuba em ação contra ONG nas Nações Unidas
DA REDAÇÃO
A pedido de Cuba -e com o
voto favorável do Brasil-, a ONG
Repórteres sem Fronteiras (RSF),
uma importante organização de
defesa dos direitos humanos e da
liberdade de imprensa, sediada
em Paris, foi suspensa por um ano
como membro consultivo da Comissão de Direitos Humanos da
ONU, em Genebra (Suíça).
A RSF diz ter sido punida porque alguns de seus membros fizeram um protesto, durante a mais
recente sessão da comissão, em
março, contra a decisão do órgão
de permitir que a Líbia, país que
há anos é alvo de críticas dos defensores dos direitos humanos,
assumisse a sua presidência.
"Insistimos que entregar a cadeira ao regime do coronel
[Muammar] Gaddafi foi uma vergonha", disse a RSF em nota. A
ONG disse que não teve a oportunidade de explicar suas ações.
"A suspensão de uma das únicas organizações de defesa da liberdade de imprensa com status
consultivo na Comissão é uma
decisão injusta", afirmou a RSF.
O regime líbio é um dos mais
duros entre os países árabes e já
teve envolvimento com ações terroristas, entre elas a explosão em
1988 de um Jumbo da Pan Am em
Lockerbie, na Escócia, que matou
270 pessoas e resultou em sanções
da ONU à Líbia.
O país norte-africano que Gaddafi governa desde um golpe de
Estado em 1969 é suspeito de praticar torturas, detenções prolongadas e execuções extrajudiciais.
A Comissão de Direitos Humanos da ONU é integrada por 53
países, e a presidência é definida
por um sistema de rodízio. Entre
17 de março e 25 de abril últimos,
coube à Líbia presidi-la.
Ontem, a RSF publicou um relatório criticando o declínio da comissão como instância de defesa
dos direitos humanos devido à
ação de países totalitários, como
China e Cuba.
E sugeriu mudanças para recuperar o prestígio da comissão, como limitar o direito de voto de
países que não ratificaram os
principais tratados de direitos humanos, entregar a presidência a
um especialista em direitos humanos e abolir instrumentos que
paralisam debates no órgão.
De acordo com a RSF, votaram
a favor da suspensão: África do
Sul, Arábia Saudita, Azerbaijão,
Benin, Brasil, Butão, Burundi,
China, Congo (ex-Zaire), Cuba,
Egito, Etiópia, Gana, Índia, Irã, Jamaica, Quênia, Líbia, Malásia,
Moçambique, Nepal, Nigéria, Paquistão, Qatar, Rússia, Uganda e
Zimbábue.
Votaram contra: Alemanha,
Andorra, Austrália, Chile, Coréia,
El Salvador, Estados Unidos, Finlândia, França, Geórgia, Grécia,
Guatemala, Hungria, Irlanda, Itália, Holanda, Nicarágua, Peru,
Portugal, Romênia, Suécia, Ucrânia e Reino Unido.
Abstiveram-se Argentina,
Equador, Japão e Senegal.
Com agências internacionais
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