São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Israel reforça campanha contra Estado palestino

Disputa diplomática deve terminar em setembro com decisão da ONU

Demanda deve ser barrada no Conselho de Segurança; palestinos querem vencer votação na Assembleia Geral


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O embate final da acirrada disputa diplomática travada nos últimos meses entre palestinos e israelenses tem data e local marcados: setembro, na sede das Nações Unidas, em Nova York.
É quando deverá ser avaliado o pedido para que a Palestina seja aceita como membro da ONU. Embora seu efeito seja mais simbólico do que prático, o gesto deflagrou uma guerra de lobbies.
Nas próximas semanas, três ministros israelenses estarão em países da América Latina com a missão de convencer os governos a não apoiar a ambição palestina.
Ao menos um deles, o ministro das Finanças, Yuval Steinitz, passará pelo Brasil.
Ao mesmo tempo, altas autoridades palestinas em Ramallah fazem uma ofensiva de relações públicas, em conversas semanais com jornalistas. Já que 18 anos de negociações não resultaram num Estado palestino, afirmam, o jeito é apelar à ONU.
"É uma mudança de estratégia", afirmou Mohammad Shtayyeh, um dos principais negociadores palestinos. "Tínhamos grandes esperanças para esse processo de paz, mas ele não alcançou o objetivo principal, que é acabar a ocupação israelense".
Com a negociação com Israel parada desde 2008, os palestinos há tempos balançam a carta da declaração unilateral de independência como ameaça para aumentar a pressão sobre Israel.
Em 1988, a OLP (Organização para Libertação da Palestina), proclamou na Argélia a independência do Estado palestino, sem fazer menção a fronteiras.
A nova estratégia se fixa em fronteiras definidas, as linhas de 1967, quando Israel ocupou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza.
Israel repudia o plano, alegando que o ato "unilateral" contraria acordos de paz e cria o risco de uma nova onda de violência.
"Não vamos unilateralmente declarar nossa independência. Isso já fizemos, em 1988", disse o negociador palestino Saeb Erekat. "Não queremos confrontar ninguém", afirmou.
Erekat reconhece que obter o status de membro pleno da ONU é improvável. Afinal, o pedido terá que ser aprovado no Conselho de Segurança, onde os EUA já adiantaram que usarão seu poder de veto para barrar a iniciativa.
Há ainda o risco financeiro. O Congresso americano ameaçou cortar a ajuda à ANP (Autoridade Nacional Palestina), que representa um quarto do orçamento.
O plano B é recorrer à Assembléia Geral, onde os palestinos não devem ter dificuldade para ganhar os votos de 2/3 dos 193 membros, o necessário para elevar seu status de observador para "Estado não-membro", o mesmo do Vaticano.
Não é o mesmo que membro pleno, mas daria aos palestinos o direito de fazer parte de todas as agências da ONU, aumentando consideravelmente o alcance de sua diplomacia.


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