São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Equador dá aval a projeto da Petrobras

Após 27 meses de espera, governo Correa aprova licença ambiental para que empresa extraia petróleo em área amazônica

Exploração do Bloco 31, que fica em um parque nacional equatoriano, é criticada por ambientalistas; Petrobras teve de refazer projeto

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Após 27 meses de obras paralisadas, a Petrobras obteve do Equador a licença ambiental para explorar petróleo no controvertido Bloco 31, localizado dentro do Parque Nacional Yasuní. Na região amazônica, a área é considerada reserva da biosfera pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
"Todos queremos proteger o ambiente, mas temos de nos colocar em acordo. Os que querem que não haja extração petroleira que o digam claramente para analisar as conseqüências disso", disse o presidente Rafael Correa, quem anunciou a decisão em entrevista coletiva, após voltar de uma viagem à Europa. "Como vamos financiar projetos de educação e saúde se não temos produção petroleira?"
O presidente equatoriano explicou que só 30% do Bloco 31 está em área protegida e que o processo de licença ambiental foi longo "precisamente para tomar todas as precauções e medidas cautelares em favor dos povos não-contatados" que habitam o Yasuní.
Principal fonte de arrecadação do Estado equatoriano -25,7% do total no ano passado-, a produção petroleira vem declinando nos últimos meses, principalmente por causa da ineficiente estatal PetroEcuador. O país é o quinto maior produtor da América Latina, atrás de Venezuela, México, Brasil e Argentina.
Em nota divulgada ontem, a Petrobras confirmou a decisão do governo equatoriano e disse que se trata de um dos projetos "mais modernos já concebidos" pela empresa.
O Bloco 31 teve a licença ambiental cassada em julho de 2005, ainda no governo do presidente Alfredo Palacio, após duras críticas ao projeto original, que previa, entre outros pontos, a construção de uma estrada dentro do parque.
A Petrobras fez um novo projeto, desta vez eliminando a estrada -todo o transporte será feito por helicóptero. A idéia é que seja uma exploração no estilo "off-shore", como se a área protegida fosse um mar.
Quando entrar em operação, o Bloco 31 dobrará a produção da Petrobras no Equador. Hoje são cerca de 30 mil barris/dia, ou 6% da produção do país.
Mesmo com as mudanças, a exploração sofre oposição de ONGs ambientalistas dentro e fora do Equador. Um dos argumentos é que a área é protegida por um parque e, portanto, não deve ser explorada.
Desde o início da exploração petroleira na região, a Amazônia equatoriana tem sofrido com inúmeros acidentes ambientais. Também aumentaram problemas de saúde na população local, predominantemente indígena.


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