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Equador dá aval a projeto da Petrobras
Após 27 meses de espera, governo Correa aprova licença ambiental para que empresa extraia petróleo em área amazônica
Exploração do Bloco 31, que fica em um parque nacional equatoriano, é criticada por ambientalistas; Petrobras teve de refazer projeto
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Após 27 meses de obras paralisadas, a Petrobras obteve do
Equador a licença ambiental
para explorar petróleo no controvertido Bloco 31, localizado
dentro do Parque Nacional Yasuní. Na região amazônica, a
área é considerada reserva da
biosfera pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura).
"Todos queremos proteger o
ambiente, mas temos de nos
colocar em acordo. Os que querem que não haja extração petroleira que o digam claramente para analisar as conseqüências disso", disse o presidente
Rafael Correa, quem anunciou
a decisão em entrevista coletiva, após voltar de uma viagem à
Europa. "Como vamos financiar projetos de educação e saúde se não temos produção petroleira?"
O presidente equatoriano explicou que só 30% do Bloco 31
está em área protegida e que o
processo de licença ambiental
foi longo "precisamente para
tomar todas as precauções e
medidas cautelares em favor
dos povos não-contatados" que
habitam o Yasuní.
Principal fonte de arrecadação do Estado equatoriano
-25,7% do total no ano passado-, a produção petroleira
vem declinando nos últimos
meses, principalmente por
causa da ineficiente estatal PetroEcuador. O país é o quinto
maior produtor da América Latina, atrás de Venezuela, México, Brasil e Argentina.
Em nota divulgada ontem, a
Petrobras confirmou a decisão
do governo equatoriano e disse
que se trata de um dos projetos
"mais modernos já concebidos"
pela empresa.
O Bloco 31 teve a licença ambiental cassada em julho de
2005, ainda no governo do presidente Alfredo Palacio, após
duras críticas ao projeto original, que previa, entre outros
pontos, a construção de uma
estrada dentro do parque.
A Petrobras fez um novo projeto, desta vez eliminando a estrada -todo o transporte será
feito por helicóptero. A idéia é
que seja uma exploração no estilo "off-shore", como se a área
protegida fosse um mar.
Quando entrar em operação,
o Bloco 31 dobrará a produção
da Petrobras no Equador. Hoje
são cerca de 30 mil barris/dia,
ou 6% da produção do país.
Mesmo com as mudanças, a
exploração sofre oposição de
ONGs ambientalistas dentro e
fora do Equador. Um dos argumentos é que a área é protegida
por um parque e, portanto, não
deve ser explorada.
Desde o início da exploração
petroleira na região, a Amazônia equatoriana tem sofrido
com inúmeros acidentes ambientais. Também aumentaram problemas de saúde na população local, predominantemente indígena.
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