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Nova Constituição fortaleceu reivindicações de nacionalistas
DO ENVIADO A IRBIL
O desenvolvimento de Irbil
resulta diretamente da mudança constitucional de 2005,
quando o país adotou nova Carta com o objetivo declarado de
selar as bases para a reconciliação nacional no período pós-Saddam Hussein e compensar
minorias oprimidas e perseguidas pelo antigo regime.
Os curdos foram contemplados com a mudança por terem
sido exterminados aos milhares nos ataques a gás ordenados
por Saddam nos anos 80, sob
pretexto de colaboração com o
inimigo na guerra Iraque-Irã.
Por pressão americana, a nova Carta garantiu ao Curdistão
uma ampla autonomia e destinou à região 17% da renda petroleira nacional. A Casa Branca também ajudou os curdos a
desenvolverem forças de segurança e um eficiente aparato de
inteligência. Até hoje os curdos
são tidos como os mais fiéis
aliados dos EUA no Oriente
Médio, ao lado de Israel.
A autoconfiança conquistada
após décadas de opressão se
transformou rapidamente numa atitude confrontativa aos
olhos do governo central iraquiano -dominado por xiitas,
apesar de o presidente Jalal Talabani e de alguns ministros serem curdos.
Sem consultar Bagdá, os curdos assinaram desde 2006 vários contratos para permitir a
atuação de petroleiras estrangeiras no Curdistão, que abriga,
segundo estimativas, um terço
do total de 115 bilhões de barris
de petróleo iraquiano. Os contratos são objeto de disputa jurídica entre Irbil e Bagdá.
A entrada maciça de capital
acarretou o boom econômico
de Irbil, que está sendo chamada de "nova Dubai", numa referência ao polo financeiro dos
Emirados Árabes Unidos. O salário médio local saltou de 22
mil dinares iraquianos mensais
antes de 2003 (cerca de US$
150) para atuais 150 mil dinares, segundo o Ministério das
Finanças curdo.
Recentes iniciativas controversas, como o fim da obrigatoriedade do ensino do árabe em
algumas escolas curdas, agravaram o estado das relações
com Bagdá, hoje congeladas.
Os curdos querem agora receber mais dinheiro do petróleo e reintegrar ao Curdistão a
cidade de Kirkuk, que Saddam
havia povoado de árabes e que
Bagdá quer manter como parte
do Iraque propriamente dito.
Fortalecidos, os 24 milhões
de curdos do Oriente Médio,
que se consideram descendentes dos povos medos, têm hoje
no norte do Iraque a sua base
mais sólida.
A perspectiva de uma declaração de independência unilateral do Curdistão iraquiano
aterroriza os governos de Turquia, Síria e Irã, que temem um
contágio nas populações curdas de toda a região.
(SA)
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