São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Comissão nomeia hoje líder do Partido Socialista francês

Vitória de Martine Aubry em eleição na semana passada é contestada pela rival e ex-presidenciável Ségolène Royal

Vencedora será primeira mulher a liderar agremiação hoje na oposição e terá de reconciliar legenda, que sai do pleito ainda mais cindida

DA REDAÇÃO

A comissão do Partido Socialista (PS) francês encarregada de revisar o controverso resultado da eleição interna da semana passada deve proclamar oficialmente hoje o nome da nova secretária-geral da agremiação. O pleito foi vencido pela prefeita de Lille, Martine Aubry, por 42 votos e contestado pela rival Ségolène Royal.
O voto dos militantes, registrado na última quinta-feira, pretendia dar novo fôlego ao PS, abalado por sucessivas derrotas eleitorais e brigas internas, que acirram a crise ideológica do partido.
Mas em vez de reunificar a legenda, o pleito acabou acentuando o racha entre Royal, candidata mais liberal e favorável a alianças com partidos centristas, e o bloco da velha-guarda socialista, liderado por Aubry, mais à esquerda.
Formada por 13 caciques do partido, a comissão recolheu ontem contestações dos dois lados e passou um pente fino nos resultados coletados em algumas das 105 seções do PS em todo o país.
Os partidários de Royal apontaram supostas irregularidades em cerca de 40 seções, muitas delas na região norte, reduto eleitoral de Aubry.
Os "royalistas" contestam o anúncio oficial da direção do PS, segundo o qual a prefeita de Lille ficou com 50,02% dos 134.784 votos válidos, contra os 49,98% de Royal na eleição ocorrida na quinta-feira.
Royal pressiona por uma nova eleição, possivelmente em janeiro, como única forma de acabar com a polêmica sobre o resultado da votação, que também é contestado pela rival.
Aubry alega que sua vitória foi por uma margem maior do que o anunciado e aponta supostas fraudes em ao menos sete seções. Mas ao contrário do campo adversário, onde há tensão, os aliados de Aubry se dizem "tranqüilos" e apostam na confirmação de sua vitória.
Fontes graduadas no partido afirmam que a comissão deve confirmar a vitória de Aubry, que se tornaria a primeira mulher a comandar a agremiação. Ela também sairia na frente para assumir a candidatura socialista na eleição presidencial de 2012 -o PS perdeu as últimas três eleições presidenciais.

Redução da jornada
Filha de Jacques Delors, ex-presidente da Comissão Européia, Aubry, 58, ficou famosa sob o governo socialista do premiê Lionel Jospin (1997-2002). Então ministra do Trabalho, ela comandou a mudança de lei que impôs a redução da jornada de trabalho semanal de 39 para 35 horas, depois desmantelada pelo atual governo, direitista.
Analistas prevêem que, mesmo com a eventual confirmação de Aubry, o PS seguirá rachado e enfraquecido. Desta forma, o grande vencedor da crise socialista até agora é o presidente Nicolas Sarkozy, que se beneficia de um cenário político onde a oposição fragmentada não representa ameaça a curto e médio prazo.

Com agências internacionais



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