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Analista elogia só ideia das primárias
DE BUENOS AIRES
A reforma política proposta pelo governo Cristina Kirchner tem o objetivo de "prejudicar o peronismo dissidente e a oposição", mas "o kirchnerismo está tão desprestigiado, que não há como se recuperar com esse tipo de
instrumento", diz o analista político argentino Marcos Novaro à Folha.
Doutor em filosofia e
pesquisador da Universidade de Buenos Aires, Novaro diz não estar "pessimista" sobre a eventual
implantação do projeto.
"Ter eleições primárias
é uma boa ideia. Com os
cidadãos obrigados a votar, as eleições serão mais
representativas da opinião pública do que dos
aparatos partidários."
O analista tem dúvida,
contudo, se "essa exigência é aplicável para todos
os cargos majoritários",
como quer o governo.
Na opinião de Novaro,
há "preocupantes pontos
negativos" no projeto, como a brecha que autoriza a
manutenção da propaganda de governo nos 15 dias
anteriores às eleições,
quando as campanhas
partidárias deverão estar
suspensas.
"Quem estiver no governo vai poder fazer sua própria campanha eleitoral,
com a cota de fundos públicos que receber e, além
disso, terá a publicidade
governamental. É um jogo
desequilibrado", afirma.
"Num governo totalmente parcial e manipulador como o atual", essa
vulnerabilidade é ainda
maior, aponta o analista.
Outra ressalva de Novaro ao projeto é o fato de ele
atribuir ao Ministério do
Interior a organização e
supervisão do processo
das eleições primárias.
"O mais correto seria ter
como autoridade eleitoral
a instância que afinal decide sobre a aplicação dos
recursos, um instituto
pluralista, já que a Justiça
Eleitoral argentina não
conta com recursos suficientes para se ocupar
dessa tarefa", diz.
Novaro também considera "excessivos" os limites impostos ao surgimento de novos partidos. Segundo o projeto, eles só
ganharão registro se comprovarem a filiação de ao
menos 5% do eleitorado.
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