São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Analista elogia só ideia das primárias

DE BUENOS AIRES

A reforma política proposta pelo governo Cristina Kirchner tem o objetivo de "prejudicar o peronismo dissidente e a oposição", mas "o kirchnerismo está tão desprestigiado, que não há como se recuperar com esse tipo de instrumento", diz o analista político argentino Marcos Novaro à Folha.
Doutor em filosofia e pesquisador da Universidade de Buenos Aires, Novaro diz não estar "pessimista" sobre a eventual implantação do projeto.
"Ter eleições primárias é uma boa ideia. Com os cidadãos obrigados a votar, as eleições serão mais representativas da opinião pública do que dos aparatos partidários."
O analista tem dúvida, contudo, se "essa exigência é aplicável para todos os cargos majoritários", como quer o governo.
Na opinião de Novaro, há "preocupantes pontos negativos" no projeto, como a brecha que autoriza a manutenção da propaganda de governo nos 15 dias anteriores às eleições, quando as campanhas partidárias deverão estar suspensas.
"Quem estiver no governo vai poder fazer sua própria campanha eleitoral, com a cota de fundos públicos que receber e, além disso, terá a publicidade governamental. É um jogo desequilibrado", afirma.
"Num governo totalmente parcial e manipulador como o atual", essa vulnerabilidade é ainda maior, aponta o analista.
Outra ressalva de Novaro ao projeto é o fato de ele atribuir ao Ministério do Interior a organização e supervisão do processo das eleições primárias.
"O mais correto seria ter como autoridade eleitoral a instância que afinal decide sobre a aplicação dos recursos, um instituto pluralista, já que a Justiça Eleitoral argentina não conta com recursos suficientes para se ocupar dessa tarefa", diz.
Novaro também considera "excessivos" os limites impostos ao surgimento de novos partidos. Segundo o projeto, eles só ganharão registro se comprovarem a filiação de ao menos 5% do eleitorado.


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