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Violência faz cristãos adiantarem Missa do Galo
EDWARD WONG
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ
O Natal foi mudado. Para a pequena comunidade cristã de Bagdá, no Iraque, a principal missa
não aconteceria à meia-noite, mas
no final da tarde de ontem.
A decisão sobre o início mais cedo começou a se espalhar de uma
paróquia para outra na semana
passada. Ninguém questionou a
medida. Todos sabem que coisas
como andar nas ruas à noite e se
aglomerar em grandes grupos são
tão recomendadas quanto entrar
na jaula de um leão.
"O principal problema é a segurança, não apenas para o Natal,
mas para todos os dias de nossas
vidas", afirmou o padre Yousif
Thomas Mirkis, da catedral de St.
Joseph, uma das maiores igrejas
de Bagdá.
"O Natal neste ano não vai ser
um dia tão especial quanto tem sido, mas, talvez, as famílias ainda
celebrem com suas árvores e bolos, e, talvez, nós estejamos próximos na essência do primeiro Natal. O primeiro aconteceu na pobreza e sob circunstâncias difíceis
para aquela pequena família. Talvez, este seja nosso único consolo
neste ano. Nós estamos tendo um
verdadeiro Natal."
Essas palavras refletem a mistura de sentimentos que deve estar
tomando muitas pessoas ao redor
do Iraque durante uma ocasião
celebrada aqui não só pelos cristãos mas também por muitos muçulmanos, que consideram Jesus
Cristo um profeta que abriu o caminho para Muhammad.
Cerca de 4% dos 25 milhões de
iraquianos são cristãos. Há estimativas mais pessimistas que calculam que o número de adeptos
tem diminuído e representa hoje
só cerca 2% da população, depois
de 300 mil praticantes terem deixado o país desde os anos 60.
Os caldeus formam o principal
grupo cristão no Iraque. Há ainda
sírios católicos, sírios ortodoxos,
assírios, coptas etc. Vilas cristãs se
enfileiram ao longo da região norte. Conflitos com os muçulmanos
são raros.
O ex-ditador Saddam Hussein
não escolheu os cristãos para serem perseguidos nem colocou
outros grupos religiosos contra
eles, como costumava fazer para
dividir o país e manter o poder.
Apesar de muitos cristãos iraquianos possuírem uma boa educação e empregos de classe média,
eles têm permanecido relativamente em silêncio quando se trata
de política.
O comparecimento nas missas
dominicais esteve em queda no
mês passado, em parte por causa
da escassez de combustível. O medo dos grupos de guerrilha e dos
bandos de criminosos armados,
conhecidos como Ali Babas, deixou as pessoas conformadas em
celebrarem o Natal fechadas em
suas casas.
A preocupação de que insurgentes poderiam atacar igrejas e
comunidades cristãs foi aumentada por relatos de inteligência advertindo sobre a possibilidade de
uma onda de ações nesta semana,
em parte para vingar a captura de
Saddam.
Com agências internacionais
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