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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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Explosões atingem sedes diplomáticas em Caracas

Jorge Silva/Reuters
Policiais venezuelanos inspecionam a área em frente ao Consulado da Colômbia em Caracas, após explosão que atingiu o prédio


DA REDAÇÃO

Duas bombas explodiram ontem, em Caracas, no consulado da Colômbia e na embaixada da Espanha, ferindo cinco pessoas menos de 48 horas após o presidente Hugo Chávez ter acusado os dois países de tentar interferir no conflito interno venezuelano.
Em um discurso em seu programa de rádio e TV, no domingo, Chávez disse à Espanha, aos EUA, a Portugal e à OEA (Organização dos Estados Americanos) que "se pusessem em seus lugares", após eles terem criticado a prisão do líder opositor Carlos Fernández, na semana passada. Ele também criticou o governo da Colômbia, cujo ministro do Interior havia dito, na semana passada, que Chávez não quer declarar a guerrilha colombiana terrorista porque teria contatos com os rebeldes.
A primeira explosão, no consulado colombiano, aconteceu às 2h15 (4h15 em Brasília). Três pessoas foram feridas pelos estilhaços, entre elas uma menina de 4 anos. Segundo os diplomatas colombianos no país, cerca de 80% do prédio ficou destruído.
Poucos minutos depois, uma outra explosão próxima dali, na embaixada da Espanha, deixou duas pessoas feridas. Ninguém se responsabilizou pelos ataques, mas, nos dois locais, foram deixados panfletos assinados pela "Força Bolivariana de Liberação -Coordenação Simón Bolívar".
"Nossa revolução não será negociada, somente aprofundada", afirmavam os panfletos. Chávez diz estar implementando a revolução bolivariana no país.
O governo condenou os atentados e negou qualquer responsabilidade sobre as explosões. "Rechaçamos qualquer forma de terrorismo, de Estado ou individual", afirmou o vice-presidente José Vicente Rangel. Ele disse que os panfletos deixados no local são "uma coisa ridícula e de falta de imaginação absoluta", por tentar culpar o governo "deixando rastros evidentes demais".
O deputado chavista William Lara, presidente da Assembléia Nacional até o mês passado, acusou "setores golpistas da oposição" pelas explosões. "É perfeitamente claro que há setores golpistas, que têm vida na chamada oposição, interessados nesse tipo de ato para desestabilizar a situação política da Venezuela."
Rangel prometeu ainda aumentar as medidas de segurança para proteger os diplomatas estrangeiros no país. A Embaixada dos EUA em Caracas anunciou que reforçaria sua segurança.
O governo colombiano relacionou os ataques ao terrorismo que vem assolando a Colômbia nos últimos meses e disse que eles demonstram a necessidade de os dois países combaterem conjuntamente "o terrorismo e o narcotráfico". Bogotá reiterou que rebeldes esquerdistas colombianos se escondem na Venezuela.
Os ataques aconteceram uma semana após o governo e a oposição terem assinado, na mesa de diálogo patrocinada pela OEA, um acordo contra a violência.

Com agências internacionais


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