DA REDAÇÃO

O presidente Hugo Chávez afirmou que há "liberdade de expressão até em excesso" na Venezuela, ao contrário dos EUA, onde há "ditadura do pensamento".
Chávez respondia, irritado, durante entrevista coletiva anteontem, a perguntas do jornalista Pablo López Guelli, do site G1, portal de notícias das Organizações Globo, e estendeu as críticas ao grupo brasileiro, que, segundo ele, "há anos agride a verdade" "para sabotar a integração com o Brasil". Em visita ao Rio, em janeiro, ele também criticou "O Globo".
"Aqui tem liberdade de expressão até em excesso, tal e qual [o presidente] Lula me disse uma vez", disse Chávez. Segundo ele, Lula afirmou que ambos sofrem agressões da imprensa em seus países.
Ontem, o Sindicato dos Trabalhadores de Imprensa da Venezuela emitiu nota defendendo o repórter do G1. Disse que ele fez perguntas corretas e "sem animosidade" e recebeu resposta "cheia de acusações e conjecturas".
O repórter fez a Chávez duas perguntas. A primeira, sobre a sentença judicial que ordenou que o jornal opositor "Tal Cual" pague uma multa equivalente a US$ 19,6 mil por ter publicado um texto satírico que citava a filha de 9 anos do presidente. A segunda foi sobre a decisão do governo de não renovar a concessão da Radio Caracas Televisión, de oposição.
Sobre a multa, Chávez disse tratar-se de uma decisão judicial com a qual ele "não tem nada a ver". Quanto à concessão, respondeu: "Que posso responder se é uma atribuição legal e legítima do governo dar ou não concessão a um canal de televisão? Isso não deve ser explicado".
Chávez afirmou que "O Globo" "aplaudiu golpes de Estado" e incitou o Brasil a invadir a Bolívia.
Segundo relato do G1, Chávez fez críticas mesmo antes de ouvir as perguntas: "Você é bem vindo como cidadão sul-americano, mas "O Globo" não é bem vindo". Depois, afirmou: "Estão te pagando para que você diga essas coisas em função da oligarquia brasileira, que é o plano do império norte-americano; você poderia terminar sendo um filhotinho do império, que anda por aí ganhando dinheiro para dizer e escrever em "O Globo" o que teus donos querem que você diga".
A Folha procurou, sem sucesso, a assessoria da Globo, conforme indicado pelo G1. O site não se pronunciou.