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Venezuelano comandará ato contra Bush em Buenos Aires
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Na data escolhida para a visita oficial do presidente dos
EUA, Gerge W. Bush, ao Uruguai, o venezuelano Hugo Chávez comandará, do outro lado
do rio da Prata, em Buenos Aires, um ato anti-Bush armado
por piqueteiros simpáticos ao
presidente argentino, Néstor
Kirchner.
Com evidentes ares de provocação tanto contra Bush como contra o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, o novo
encontro entre Chávez e Kirchner acontecerá no próximo dia
9. O diálogo entre Vázquez e
Kirchner foi interrompido por
causa conflito pela instalação
de duas indústrias de celulose
em território uruguaio, às margens do rio Uruguai, que banha
os dois países.
Em Buenos Aires, Chávez
discursará no ginásio Luna
Park, templo do boxe na Argentina e palco de shows de artistas
internacionais. No último sábado, o venezuelano havia dito
que jamais receberia Bush em
seu país e que a visita do presidente americano à América Latina estava destinada "ao abismo da derrota". Bush não visitará a Argentina.
Líderes piqueteiros também
preparam marchas anti-Bush
em frente à embaixada uruguaia. Outros grupos planejam
cruzar o rio para se juntar aos
protestos no Uruguai.
Praça cheia
Na Argentina, mais do que
render votos propriamente, a
defesa de Chávez e o ataque a
Bush são uma receita que agrada a grupos piqueteiros e outras organizações com grande
potencial mobilizador, entre
elas as Mães da Praça de Maio.
Em troca, Kirchner ganha
poder de fogo para atacar adversários (nas já famosas contramarchas argentinas) e garante apoio para atos governistas. Com eleições para a Casa
Rosada marcadas para outubro, Kirchner avalia que não há
custo político em acolher Chávez e sediar protestos durante o
tête-à-tête de Bush e Vázquez.
Apesar da radicalização de
seu discurso, o presidente argentino tem atendido a todos
os pedidos de Washington, entre eles a autorização para que
funcionários americanos fiscalizem, nos portos argentinos,
mercadorias direcionadas aos
EUA. Também entram na lista
o apoio na ONU contra o plano
nuclear do Irã e a lei contra o financiamento do terrorismo.
Diplomatas americanos minimizam a importância da defesa que o mandatário argentino faz de Chávez. Em Caracas,
na semana passada, Kirchner
disse que nem ele nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
agirão para "conter" o colega
venezuelano.
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