São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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Venezuelano comandará ato contra Bush em Buenos Aires

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Na data escolhida para a visita oficial do presidente dos EUA, Gerge W. Bush, ao Uruguai, o venezuelano Hugo Chávez comandará, do outro lado do rio da Prata, em Buenos Aires, um ato anti-Bush armado por piqueteiros simpáticos ao presidente argentino, Néstor Kirchner.
Com evidentes ares de provocação tanto contra Bush como contra o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, o novo encontro entre Chávez e Kirchner acontecerá no próximo dia 9. O diálogo entre Vázquez e Kirchner foi interrompido por causa conflito pela instalação de duas indústrias de celulose em território uruguaio, às margens do rio Uruguai, que banha os dois países.
Em Buenos Aires, Chávez discursará no ginásio Luna Park, templo do boxe na Argentina e palco de shows de artistas internacionais. No último sábado, o venezuelano havia dito que jamais receberia Bush em seu país e que a visita do presidente americano à América Latina estava destinada "ao abismo da derrota". Bush não visitará a Argentina.
Líderes piqueteiros também preparam marchas anti-Bush em frente à embaixada uruguaia. Outros grupos planejam cruzar o rio para se juntar aos protestos no Uruguai.

Praça cheia
Na Argentina, mais do que render votos propriamente, a defesa de Chávez e o ataque a Bush são uma receita que agrada a grupos piqueteiros e outras organizações com grande potencial mobilizador, entre elas as Mães da Praça de Maio.
Em troca, Kirchner ganha poder de fogo para atacar adversários (nas já famosas contramarchas argentinas) e garante apoio para atos governistas. Com eleições para a Casa Rosada marcadas para outubro, Kirchner avalia que não há custo político em acolher Chávez e sediar protestos durante o tête-à-tête de Bush e Vázquez.
Apesar da radicalização de seu discurso, o presidente argentino tem atendido a todos os pedidos de Washington, entre eles a autorização para que funcionários americanos fiscalizem, nos portos argentinos, mercadorias direcionadas aos EUA. Também entram na lista o apoio na ONU contra o plano nuclear do Irã e a lei contra o financiamento do terrorismo.
Diplomatas americanos minimizam a importância da defesa que o mandatário argentino faz de Chávez. Em Caracas, na semana passada, Kirchner disse que nem ele nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agirão para "conter" o colega venezuelano.


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