São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Imolações marcam Ano Novo tibetano em Pequim

Três pessoas atearam fogo a si mesmas dentro de carro perto da praça da Paz Celestial

Polícia resgatou vítimas enquanto veículo ardia; governo diz que eles saíram do interior "para protestar por assuntos pessoais"


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Três pessoas atearam fogo a si mesmas dentro de um carro a poucas quadras da praça Tiananmen (Paz Celestial), a maior de Pequim, ontem.
A polícia seguia o carro e conseguiu resgatar os três enquanto o veículo ardia. Segundo comunicado do Departamento de Segurança Pública de Pequim, os três vieram do interior da China para "protestar por assuntos pessoais".
O carro estava na esquina com a rua Wangfujing, a mais conhecida e turística via comercial da cidade. Era seguido por policiais. Quando estes mandaram o carro estacionar, as chamas começaram.
A agência estatal de notícias Xinhua inicialmente falou em imolação; mais tarde, mudou a versão, dizendo que o carro havia pegado fogo durante a tarde.
Segundo a agência, dois feridos, um homem e uma mulher, foram levados a um hospital sem risco de morte. Não foi informado o motivo do protesto, nem o que aconteceu com a terceira pessoa, outro homem.
A região vizinha à praça Tiananmen teve duas imolações em 2001 e 2006. Em 1989, abrigou o maior protesto já enfrentado pela ditadura do Partido Comunista, que terminou em massacre de estudantes.
Se o protesto é político, aproxima-se de datas simbólicas. Na semana que vem, o Congresso chinês faz sua única reunião anual, quando são debatidas as prioridades do país e aprovam-se as diretrizes já decididas pelo Partido Comunista.
Muita gente do interior aproveita a reunião da liderança comunista para chamar atenção ou protestar.

Tensão no Tibete
Ontem também era o início do Ano Novo Tibetano. Como seu congênere chinês, é o maior feriado local. Mas, neste ano, lideranças tibetanas decidiram não comemorar.
Monges mandaram mensagens a vizinhos dizendo que a região estava de luto pela repressão no ano passado contra protestos por mais autonomia e que não celebraria.
O governo chinês diz que 22 pessoas morreram nos distúrbios, mas lideranças tibetanas no exílio afirmam que dezenas foram mortos pela polícia chinesa. Pelo menos mil pessoas foram presas.
Há diversos sinais de que a situação na Província separatista é tensa. Desde janeiro, toda a região, mais Províncias vizinhas com grande população tibetana, estão fechadas a visitas de turistas estrangeiros.
A TV chinesa passa incessantemente programas com bailarinos vestidos com roupas típicas tibetanas, "comemorando o Ano Novo", enquanto o apresentador fala "das caras felizes do povo tibetano com a prosperidade do Tibete".
Sobram boatos sobre violenta repressão e prisões em massa, mas a imprensa internacional também está proibida de visitar a Província.
No próximo 10 de março, celebram-se os 50 anos da tentativa de golpe liderada pelo dalai-lama contra o regime comunista chinês. O golpe fracassou, e o líder budista fugiu para a Índia, mas a data ainda é celebrada pelos tibetanos.


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