São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Chávez sobe o tom contra a Colômbia, mas poupa Uribe

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, lançou ontem os mais duros ataques contra o governo colombiano desde o apaziguamento durante a reunião do Grupo do Rio, ocorrida no início do mês. O mandatário venezuelano, porém, evitou críticas diretas ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
"Quero acreditar que a doutrina Uribe não é a doutrina [do ministro da Defesa, Juan Manuel] Santos. Esse é um ministro para a guerra, ele nos tem como inimigos", disse Chávez, durante entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros, transmitida pela estatal VTV.
Chávez demonstrou irritação com declarações recentes de Santos em que o ministro colombiano voltou a defender o ataque realizado a um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano que matou o porta-voz das Farc, Raúl Reyes.
Ao longo da entrevista, que se estendeu por toda a tarde, Chávez procurou ao máximo separar Uribe de Santos e anunciou que os dois já concordaram em fazer uma reunião bilateral, ainda sem data.
Chávez, que restabeleceu as relações diplomáticas com Bogotá após a cúpula do Grupo do Rio, realizada na República Dominicana, disse que, se houver um aumento da tensão entre Colômbia e Equador, ele dará total apoio ao presidente equatoriano, Rafael Correa.
O presidente venezuelano voltou a negar as informações supostamente retiradas do computador portátil de Reyes segundo as quais Chávez teria entregado armas e dinheiro à guerrilha colombiana. "Não lhe demos nada, nem um dólar, nem um peso, nem uma munição", disse o venezuelano.
Chávez disse também que perdeu o contato com as Farc e que desconhece o estado de saúde da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, seqüestrada há mais de seis anos.
Sobre a corrida presidencial americana, Chávez afirmou que o pré-candidato republicano John McCain pode ser um presidente ainda pior do que o colega de partido George W. Bush e o chamou de "senhor da guerra".
Hoje, Chávez visita o Brasil, onde se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Recife. Amanhã, estará no Maranhão e no Pará.


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