São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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EUA veem ameaça militar na China

Em relatório, Pentágono diz que aumento de poder e "falta de transparência" geram "incerteza" no futuro

Críticas compõem escalada recente de rusgas bilaterais, como proposta chinesa de substituir dólar e incidente com navio norte-americano


DA REDAÇÃO

O Pentágono apresentou ontem ao Congresso dos EUA um relatório de defesa sobre a China em que alerta para o rápido crescimento da capacidade militar do país. O texto destaca a modernização por que passa o Exército e o aumento da "ameaça" a Taiwan, que Pequim considera uma Província rebelde.
O teor crítico do relatório do Departamento da Defesa, apresentado anualmente por lei, soma-se ao contexto de escalada das rusgas bilaterais. Na mais recente, o Banco Central chinês propôs substituir o dólar como moeda de referência no sistema internacional.
"Os EUA dão boas vindas à ascensão de uma China estável, próspera e pacífica que participe responsavelmente dos assuntos internacionais", afirma o texto de 78 páginas. "Entretanto, muita incerteza cerca o futuro da China, principalmente sobre como o seu aumento de poder militar será usado."
Segundo o Pentágono, a China não possui ainda capacidade para "sustentar seu poder militar à distância" -como têm os EUA, com quase mil bases ao redor do planeta-, mas aumenta rapidamente os recursos do Exército de Libertação do Povo para "vencer conflitos de curta duração, mas de alta intensidade, na sua periferia".
A Defesa americana diz que o fortalecimento militar chinês nos últimos anos baseia-se na aquisição de armamentos avançados no exterior e no desenvolvimento de tecnologia nuclear, espacial e cibernética.
No início do mês, a China anunciou aumento de 14,9% no orçamento das Forças Armadas, o que o elevará oficialmente para cerca de US$ 70 bilhões. O incremento é menor do que o de 2008, de 17,6%.

Orçamento contestado
Os EUA, no entanto, contestam os números e alegam falta de transparência de Pequim na área. No relatório, o Pentágono estima que na prática o governo chinês tenha direcionado entre US$ 110 bilhões e US$ 150 bilhões à Defesa no ano passado.
O montante ainda fica muito abaixo, porém, do gasto dos EUA na área, que passa dos US$ 530 bilhões anuais. No final de fevereiro, o presidente Barack Obama anunciou um modesto -em relação aos anos anteriores- aumento de 4% para a Defesa no Orçamento de 2010.
Washington considera o recente incidente envolvendo um navio da Marinha dos EUA no mar do Sul da China um reflexo das crescentes pretensões militares chinesas no seu entorno imediato. No episódio, o USS Impeccable foi hostilizado por cinco embarcações chinesas e obrigado a deixar o local, gerando fortes trocas de acusações.
Pequim reclama das estocadas diplomáticas americanas contra o que considera sua integridade territorial. Anteontem, o Congresso dos EUA declarou "compromisso indubitável" com Taiwan.
Washington é, por lei, obrigado a defender a ilha.
No ano passado, a China sustou o diálogo militar com os EUA após a venda de armas a Taiwan. O diálogo foi restabelecido apenas neste mês, após a visita da secretária de Estado, Hillary Clinton, em fevereiro.

Economia
Já a proposta de substituir o dólar como moeda de referência do sistema internacional chegou a entrar na pauta da entrevista de Obama anteontem, que minimizou a possibilidade.
A China vem questionando também a segurança dos títulos do Tesouro americano que detém, devido ao aumento de gastos promovido pelos EUA para combater a crise econômica.
A Casa Branca confirmou ontem que Obama e o presidente chinês, Hu Jintao, terão um esperado primeiro encontro em Londres (Reino Unido), durante a cúpula do G20, no dia 2.

Com agências internacionais


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