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EUA veem ameaça militar na China
Em relatório, Pentágono diz que aumento de poder e "falta de transparência" geram "incerteza" no futuro
Críticas compõem escalada recente de rusgas bilaterais, como proposta chinesa de substituir dólar e incidente com navio norte-americano
DA REDAÇÃO
O Pentágono apresentou ontem ao Congresso dos EUA um
relatório de defesa sobre a China em que alerta para o rápido
crescimento da capacidade militar do país. O texto destaca a
modernização por que passa o
Exército e o aumento da
"ameaça" a Taiwan, que Pequim considera uma Província
rebelde.
O teor crítico do relatório do
Departamento da Defesa, apresentado anualmente por lei, soma-se ao contexto de escalada
das rusgas bilaterais. Na mais
recente, o Banco Central chinês propôs substituir o dólar
como moeda de referência no
sistema internacional.
"Os EUA dão boas vindas à
ascensão de uma China estável,
próspera e pacífica que participe responsavelmente dos assuntos internacionais", afirma
o texto de 78 páginas. "Entretanto, muita incerteza cerca o
futuro da China, principalmente sobre como o seu aumento
de poder militar será usado."
Segundo o Pentágono, a China não possui ainda capacidade
para "sustentar seu poder militar à distância" -como têm os
EUA, com quase mil bases ao
redor do planeta-, mas aumenta rapidamente os recursos do Exército de Libertação
do Povo para "vencer conflitos
de curta duração, mas de alta
intensidade, na sua periferia".
A Defesa americana diz que o
fortalecimento militar chinês
nos últimos anos baseia-se na
aquisição de armamentos
avançados no exterior e no desenvolvimento de tecnologia
nuclear, espacial e cibernética.
No início do mês, a China
anunciou aumento de 14,9% no
orçamento das Forças Armadas, o que o elevará oficialmente para cerca de US$ 70 bilhões.
O incremento é menor do que o
de 2008, de 17,6%.
Orçamento contestado
Os EUA, no entanto, contestam os números e alegam falta
de transparência de Pequim na
área. No relatório, o Pentágono
estima que na prática o governo
chinês tenha direcionado entre
US$ 110 bilhões e US$ 150 bilhões à Defesa no ano passado.
O montante ainda fica muito
abaixo, porém, do gasto dos
EUA na área, que passa dos US$
530 bilhões anuais. No final de
fevereiro, o presidente Barack
Obama anunciou um modesto
-em relação aos anos anteriores- aumento de 4% para a Defesa no Orçamento de 2010.
Washington considera o recente incidente envolvendo um
navio da Marinha dos EUA no
mar do Sul da China um reflexo
das crescentes pretensões militares chinesas no seu entorno
imediato. No episódio, o USS
Impeccable foi hostilizado por
cinco embarcações chinesas e
obrigado a deixar o local, gerando fortes trocas de acusações.
Pequim reclama das estocadas diplomáticas americanas
contra o que considera sua integridade territorial. Anteontem, o Congresso dos EUA declarou "compromisso indubitável" com Taiwan.
Washington é, por lei, obrigado a defender a ilha.
No ano passado, a China sustou o diálogo militar com os
EUA após a venda de armas a
Taiwan. O diálogo foi restabelecido apenas neste mês, após a
visita da secretária de Estado,
Hillary Clinton, em fevereiro.
Economia
Já a proposta de substituir o
dólar como moeda de referência do sistema internacional
chegou a entrar na pauta da entrevista de Obama anteontem,
que minimizou a possibilidade.
A China vem questionando
também a segurança dos títulos
do Tesouro americano que detém, devido ao aumento de gastos promovido pelos EUA para
combater a crise econômica.
A Casa Branca confirmou ontem que Obama e o presidente
chinês, Hu Jintao, terão um esperado primeiro encontro em
Londres (Reino Unido), durante a cúpula do G20, no dia 2.
Com agências internacionais
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