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Grupos pró-direitos humanos temem abusos no Paraguai
Parte do país está em estado de exceção; presidente Lugo garante que a medida não vai levar a violações
DA REDAÇÃO
Defensores dos direitos humanos que atuam no Paraguai
fizeram ontem um alerta para o
risco de o estado de exceção declarado em cinco departamentos (Estados) do país anteontem ser usado para justificar
abusos por parte das forças de
segurança.
O regime, válido por 30 dias,
foi aprovado pelo Congresso a
pedido do presidente Fernando Lugo sob o argumento de facilitar a perseguição aos membros do grupo esquerdista EPP
(Exército do Povo Paraguaio),
apontado como autor de chacina que deixou quatro mortos,
na quarta, em Horqueta, no departamento de Concepción. Os
outros departamentos atingidos são Alto Paraguai, Amambay -que faz fronteira com o
Brasil-, San Pedro -berço de
Lugo- e Presidente Hayes.
Entre as mudanças previstas
estão o direito do Executivo de
proibir agrupamentos públicos
e mandar prender suspeitos; a
proibição a presos e foragidos
de deixar o país; e o uso, pelas
Forças Armadas, de armas de
guerra contra os criminosos.
Ontem, Lugo convocou os
defensores dos direitos humanos a uma reunião na qual ofereceu "as mais amplas garantias de que esse processo não
irá ferir nenhum procedimento
ligado aos direitos humanos",
explicou o ministro da Informação, Augusto dos Santos.
Roxana Coronel, secretária-executiva da Coordenadoria de
Direitos Humanos do Paraguai
(Codehupy) afirmou, depois do
encontro, ter "ratificado nossa
opinião de considerarmos que
não há as circunstâncias estabelecidas na Constituição [para
o estado de exceção]". "Com os
meios legais comuns é possível
lidar com a situação", disse.
Em nota, a Codehupy já havia considerado que "afirmar
que um grupo armado de dez
pessoas produz comoção interior e justifica estado de exceção é reconhecer a incapacidade dos órgãos de segurança".
O advogado Juan Martens,
da Codehupy, disse ter ouvido
do ministro do Interior, Rafael
Filizzola, que não pode descartar casos de abuso policial.
O braço paraguaio da Anistia
Internacional também afirmou
considerar que o estado de exceção é desproporcional. "Nós
temos solicitado ao presidente
que, diante da sociedade paraguaia, se comprometa a respeitar os direitos humanos", disse
Fabián Forestieri, da Anistia no
Paraguai, no site ABC Digital.
Suspeito de manter relações
com as Farc, o EPP é acusado
de ao menos quatro sequestros.
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