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Brasil retarda chegada de novo embaixador do país a Pyongyang
Arnaldo Carrilho iria assumir nesta semana a recém-criada embaixada, mas foi orientado a adiar viagem à Coreia do Norte
Medida, equivalente a de chamar para consultas um diplomata já no posto, é retaliação a teste nuclear, que Itamaraty condenou
LETÍCIA SANDER
ENVIADA A SALVADOR
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) decidiu
ontem postergar a data de chegada do embaixador brasileiro
Arnaldo Carrilho à Coreia do
Norte, em função do teste nuclear realizado pelo país.
Carrilho, que está em Pequim (China), chegaria nesta
semana a Pyongyang, para a
abertura oficial da Embaixada
do Brasil na Coreia do Norte.
Mas ontem foi orientado por
Amorim a não seguir viagem.
O gesto, de acordo com o Itamaraty, equivale ao de um
"chamado para consultas". No
protocolo diplomático, convocar um embaixador para retornar ao país de origem é um sinal
de forte descontentamento.
As relações diplomáticas entre Brasil e Coreia do Norte foram estabelecidas há oito anos
e, desde 2005, a Coreia do Norte tem embaixada no Brasil.
A decisão de "congelar" a
chegada de Carrilho à Coreia do
Norte não significa, entretanto,
que o Brasil tenha desistido de
abrir a embaixada, segundo
fontes do Itamaraty.
Ontem, o ministério divulgou nota condenando "veementemente" o teste nuclear.
Para o Brasil, o teste viola resolução sobre o tema adotada pelo Conselho de Segurança da
ONU em outubro de 2006.
"O Brasil expressa a expectativa de que a Coreia do Norte se
reintegre, o mais rapidamente
possível e como país não nuclearmente armado, ao Tratado
de Não Proliferação de Armas
Nucleares. Da mesma forma, o
governo brasileiro conclama a
Coreia do Norte a assinar, no
mais breve prazo, o Tratado de
Proibição Completa de Testes
Nucleares e a observar estritamente a moratória de testes
nucleares", diz a nota.
Giro
Em mensagem por email enviada à Folha de Pequim, o embaixador Arnaldo Carrilho
confirmou que sua ida a Pyongyang está suspensa até segunda
ordem. "Só partirei, quando
mandado expressamente, por
ordem do chanceler, permanecendo em Pequim", afirmou.
Enquanto isso, acrescentou
o embaixador, aguardará instruções junto com sua equipe,
"acampada na capital chinesa".
Nos últimos dias, além dos
contatos diplomáticos, Carrilho tem se dedicado a comprar
suprimentos para levar à Coréia do Norte, país conhecido
pela escassez crônica até dos
produtos mais básicos.
De acordo com fontes do Itamaraty, Carrilho irá manifestar
a oposição do Brasil junto ao
governo norte-coreano assim
que assumir o seu posto. Ao
mesmo tempo, a diplomacia
brasileira quer ajudar a reabrir
o diálogo entre os norte-coreanos e seus interlocutores.
Há pouco mais de um mês, o
diplomata fez um périplo pelos
cinco países que participam
das negociações para o desarmamento da Coreia do Norte.
Em seu giro por Washington,
Tóquio, Seul, Pequim e Moscou, ficou surpreso: os americanos demonstraram mais
abertura que chineses e russos,
tradicionais aliados de Pyongyang. "Senti mais dureza da
China e da Rússia do que dos
EUA. Isso me surpreendeu
muito", disse o embaixador.
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