São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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HISTÓRIA

Socialistas podem quebrar tabu sobre o conflito

Veteranos da Guerra Civil querem que governo espanhol localize mortos

DA REDAÇÃO

Veteranos da Guerra Civil Espanhola (1936-9) exigiram ontem que o novo governo socialista do país ajude na localização de valas comuns para identificar mortos pelo conflito, uma medida que o ex-premiê José María Aznar (conservador) não quis tomar.
Os organizadores de um ato em homenagem aos civis mortos pelas forças do ditador Francisco Franco afirmaram que procurarão o premiê José Luis Rodríguez Zapatero para tratar do assunto.
Realizado ontem à noite, o ato reuniu 10 mil pessoas em Rivas-Vaciamadrid, cidade na região de Madri onde houve importantes combates entre as forças de Franco e o governo da época, uma coalizão de centro-esquerda.
A Associação para a Recuperação da Memória Histórica, responsável pelo evento, estima que cerca de 30 mil pessoas tenham sido mortas pelas forças de Franco e enterradas em cerca de 600 valas comuns. Alguns historiadores afirmam que esses números são exagerados, enquanto outros calculam que a violência tenha sido ainda maior.
"Nessas valas está a verdadeira história da Espanha", disse Vicente Moreira Picorel, 79. Ele afirma que sua mãe foi morta pelas forças de Franco em 1936 e enterrada junto com outras vítimas. "É uma página da história espanhola que ainda precisa ser escrita."
Após anos de pesquisa, Moreira achou em 2001 os restos mortais de sua mãe, mas ele disse estar desapontado pelo fato de várias valas permanecerem incógnitas mesmo após 29 anos da morte do ditador, em 1975.
Também houve atrocidades cometidas pelas forças republicanas durante a guerra, mas os líderes do movimento afirmam que centenas das vítimas pró-Franco já foram localizadas e exumadas.
A Guerra Civil Espanhola começou com um levante militar liderado por Franco, apoiado pela Alemanha nazista e pela Itália fascista. Suas forças derrubaram o governo e implantaram uma ditadura de direita.
A busca e a identificação das vítimas do sangrento conflito fratricida sempre foram um tabu na cena política espanhola. Agora o Partido Socialista, eleito em março, tem se declarado a favor de lidar com o tema, mas ainda não sinalizou claramente se fará isso.


Com agências internacionais e o jornal "The New York Times"


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