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HISTÓRIA
Socialistas podem quebrar tabu sobre o conflito
Veteranos da Guerra Civil querem que governo espanhol localize mortos
DA REDAÇÃO
Veteranos da Guerra Civil Espanhola (1936-9) exigiram ontem
que o novo governo socialista do
país ajude na localização de valas
comuns para identificar mortos
pelo conflito, uma medida que o
ex-premiê José María Aznar (conservador) não quis tomar.
Os organizadores de um ato em
homenagem aos civis mortos pelas forças do ditador Francisco
Franco afirmaram que procurarão o premiê José Luis Rodríguez
Zapatero para tratar do assunto.
Realizado ontem à noite, o ato
reuniu 10 mil pessoas em Rivas-Vaciamadrid, cidade na região de
Madri onde houve importantes
combates entre as forças de Franco e o governo da época, uma coalizão de centro-esquerda.
A Associação para a Recuperação da Memória Histórica, responsável pelo evento, estima que
cerca de 30 mil pessoas tenham sido mortas pelas forças de Franco
e enterradas em cerca de 600 valas
comuns. Alguns historiadores
afirmam que esses números são
exagerados, enquanto outros calculam que a violência tenha sido
ainda maior.
"Nessas valas está a verdadeira
história da Espanha", disse Vicente Moreira Picorel, 79. Ele afirma
que sua mãe foi morta pelas forças de Franco em 1936 e enterrada
junto com outras vítimas. "É uma
página da história espanhola que
ainda precisa ser escrita."
Após anos de pesquisa, Moreira
achou em 2001 os restos mortais
de sua mãe, mas ele disse estar desapontado pelo fato de várias valas permanecerem incógnitas
mesmo após 29 anos da morte do
ditador, em 1975.
Também houve atrocidades cometidas pelas forças republicanas
durante a guerra, mas os líderes
do movimento afirmam que centenas das vítimas pró-Franco já
foram localizadas e exumadas.
A Guerra Civil Espanhola começou com um levante militar liderado por Franco, apoiado pela
Alemanha nazista e pela Itália fascista. Suas forças derrubaram o
governo e implantaram uma ditadura de direita.
A busca e a identificação das vítimas do sangrento conflito fratricida sempre foram um tabu na cena política espanhola. Agora o
Partido Socialista, eleito em março, tem se declarado a favor de lidar com o tema, mas ainda não sinalizou claramente se fará isso.
Com agências internacionais e o jornal
"The New York Times"
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