São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Indicação de Blair como enviado à região gera críticas

DA REDAÇÃO

Tony Blair, que transfere amanhã para Gordon Brown o posto de premiê britânico, poderá ser hoje nomeado articulador do chamado Quarteto para o Oriente Médio, grupo formado por EUA, Rússia, União Européia e ONU.
A informação, publicada pelo "Financial Times", acrescenta que sua missão seria a de reunir condições para a governabilidade palestina, sem envolvimento com as negociações de paz entre os palestinos e Israel. Os integrantes do Quarteto se reúnem hoje em Jerusalém para oficializar a decisão.
Apesar de sua visibilidade pública e de sua experiência de dez anos como premiê, Blair é impopular no mundo árabe, em razão de sua adesão acrítica, em 2003, à invasão americana do Iraque. Na época Londres tomou como verdadeira a tese de que Saddam Hussein possuía um arsenal de destruição em massa, o que não era verdade.
O Hamas reagiu de forma negativa ao convite feito ao ainda chefe do governo britânico. "A experiência de nosso povo com Blair foi muito negativa, e agora ele poderá piorar ainda mais as coisas", disse à agência Reuters Sami Abu Zuhri, um dos dirigentes do grupo.
Não estavam ontem definidos pontos logísticos importantes, como quem assegurará a segurança pessoal de Blair e quem pagará seus serviços.
A opção por seu nome partiu da Casa Branca, onde o presidente George W. Bush tinha a intenção de compensar um precioso aliado que volta amanhã a ser um simples deputado.

Irritação em Londres
Mas o convite irritou duas importantes fontes de poder em Londres. O futuro premiê, Gordon Brown, disse estar "profundamente insatisfeito" com a novidade, na medida em que ela interferirá nos planos que ele tem de promover, por meios econômicos, a reconciliação israelo-palestina.
Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores britânico reagiu com mau humor por não ter sido consultado. Javier Solana, representante diplomático da UE, considerou a nomeação de Blair inoportuna, diz o "Financial Times", porque ela interferiria nos seus próprios esforços na região.
Na Rússia, o chanceler Serguei Lavrov discutiu a questão com o presidente Vladimir Putin e decidiu não se opor à idéia.
O fato é que já se especulava, em Londres, sobre a possibilidade de Blair ter como principal assessor na nova função o seu atual chefe-de-gabinete, Jonathan Powell.


Com agências internacionais


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