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México afasta da chefia da polícia federal 284 agentes
Expurgo "temporário" visa investigar envolvimento de policiais com o tráfico
Chefes destituídos farão "teste de confiança", como parte de esforço do governo contra o crime organizado no país, que vive escalada
Daniel Aguilar - 8.jun.2007/Reuters
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Policiais participam de operação antinarcóticos na Cidade do México; salários baixos facilitam cooptação pelo crime organizado |
DA REDAÇÃO
O governo mexicano anunciou ontem que destituiu temporariamente de suas funções
284 membros da polícia federal
que ocupavam cargos de chefia.
O expurgo visa combater a corrupção na polícia, que está ligada à atuação de grupos de narcotraficantes no país.
Os agentes destituídos pertencem a duas corporações
submetidas à Secretaria federal
de Segurança Pública: a Agência Federal de Investigação e a
Polícia Federal Preventiva. Entre os quase 300 policiais afastados estão todos os 34 comandantes regionais dessas corporações nos 32 Estados mexicanos -um de cada Estado, à exceção de Veracruz e do Distrito
Federal, com dois.
Segundo o secretário de Segurança Pública do México, Genaro García Luna, os agentes
afastados serão submetidos a
um "teste de confiança", que
compreende exames antidoping e testes psicológicos e de
detecção de mentira; além disso, familiares, amigos e conhecidos seus serão investigados e
será feita uma comparação entre seus bens e sua renda.
Os que não passarem no "teste de confiança", disse o secretário, serão expulsos.
No último ano, o assassinato
de quase 1.400 pessoas no México foi atribuído pela imprensa local a facções do crime organizado. Entre esses mortos estão dezenas de policiais que,
suspeita-se, perderam a vida
em razão de ajustes de contas
entre grupos de criminosos que
usavam seus serviços.
Segundo García Luna, os baixos salários pagos aos policiais
tornam pequeno o "custo da
corrupção para o crime organizado" -de acordo com a Secretaria de Segurança Pública mexicana, subornar um policial
custa o equivalente a cerca de
R$ 700 por mês. Em entrevista
à Folha em maio deste ano, o
jornalista mexicano Ricardo
Ravello, que pesquisa o crime
organizado, afirmou que os policiais ganham salários em torno de R$ 1.500.
Prioridade
Felipe Calderón, que assumiu a Presidência do México
no início do ano, fez do combate ao crime organizado prioridade de seu governo. Diante da
incapacidade da polícia de reprimir as associações criminosas -e diante do envolvimento
de parte dela com esses grupos-, despachou, em seus primeiros cinco meses de mandato, mais de 30 mil soldados do
Exército para oito Estados a
fim de enfrentar os cartéis do
narcotráfico, os mais poderosos dos quais chegam a dominar regiões inteiras do país.
Um dos objetivos da tentativa de "limpar" a polícia federal
é permitir que esses soldados
retornem aos quartéis.
Os EUA também têm pressionado o país vizinho a combater a corrupção relacionada ao
narcotráfico. Mas membros da
DEA, a agência antidrogas
americana, afirmam que ainda
é cedo para avaliar o sucesso
dos esforços mexicanos.
Com agências internacionais
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