São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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México afasta da chefia da polícia federal 284 agentes

Expurgo "temporário" visa investigar envolvimento de policiais com o tráfico

Chefes destituídos farão "teste de confiança", como parte de esforço do governo contra o crime organizado no país, que vive escalada

Daniel Aguilar - 8.jun.2007/Reuters
Policiais participam de operação antinarcóticos na Cidade do México; salários baixos facilitam cooptação pelo crime organizado


DA REDAÇÃO

O governo mexicano anunciou ontem que destituiu temporariamente de suas funções 284 membros da polícia federal que ocupavam cargos de chefia. O expurgo visa combater a corrupção na polícia, que está ligada à atuação de grupos de narcotraficantes no país.
Os agentes destituídos pertencem a duas corporações submetidas à Secretaria federal de Segurança Pública: a Agência Federal de Investigação e a Polícia Federal Preventiva. Entre os quase 300 policiais afastados estão todos os 34 comandantes regionais dessas corporações nos 32 Estados mexicanos -um de cada Estado, à exceção de Veracruz e do Distrito Federal, com dois.
Segundo o secretário de Segurança Pública do México, Genaro García Luna, os agentes afastados serão submetidos a um "teste de confiança", que compreende exames antidoping e testes psicológicos e de detecção de mentira; além disso, familiares, amigos e conhecidos seus serão investigados e será feita uma comparação entre seus bens e sua renda.
Os que não passarem no "teste de confiança", disse o secretário, serão expulsos.
No último ano, o assassinato de quase 1.400 pessoas no México foi atribuído pela imprensa local a facções do crime organizado. Entre esses mortos estão dezenas de policiais que, suspeita-se, perderam a vida em razão de ajustes de contas entre grupos de criminosos que usavam seus serviços.
Segundo García Luna, os baixos salários pagos aos policiais tornam pequeno o "custo da corrupção para o crime organizado" -de acordo com a Secretaria de Segurança Pública mexicana, subornar um policial custa o equivalente a cerca de R$ 700 por mês. Em entrevista à Folha em maio deste ano, o jornalista mexicano Ricardo Ravello, que pesquisa o crime organizado, afirmou que os policiais ganham salários em torno de R$ 1.500.

Prioridade
Felipe Calderón, que assumiu a Presidência do México no início do ano, fez do combate ao crime organizado prioridade de seu governo. Diante da incapacidade da polícia de reprimir as associações criminosas -e diante do envolvimento de parte dela com esses grupos-, despachou, em seus primeiros cinco meses de mandato, mais de 30 mil soldados do Exército para oito Estados a fim de enfrentar os cartéis do narcotráfico, os mais poderosos dos quais chegam a dominar regiões inteiras do país.
Um dos objetivos da tentativa de "limpar" a polícia federal é permitir que esses soldados retornem aos quartéis.
Os EUA também têm pressionado o país vizinho a combater a corrupção relacionada ao narcotráfico. Mas membros da DEA, a agência antidrogas americana, afirmam que ainda é cedo para avaliar o sucesso dos esforços mexicanos.


Com agências internacionais


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