|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Argentina deixa sessão e impede votação sobre RCTV no Mercosul
Delegação cita problemas com vôo; tema volta a ser debatido em 30 de julho
RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
A retirada antecipada da delegação argentina impediu que
o Parlamento do Mercosul votasse ontem, durante sua terceira sessão, em Montevidéu,
um requerimento para criar
uma comissão que avaliaria o
estado da liberdade de imprensa e expressão na Venezuela.
Embora fosse esperado que a
delegação brasileira abordasse
o tema da não-renovação da
concessão à rede de TV venezuelana RCTV e os ataques do
presidente Hugo Chávez ao Senado brasileiro -ao qual chamou de "papagaio" dos EUA-,
quem o fez foi o oposicionista
uruguaio Pablo Iturralde.
"A livre expressão não é para
um canal de TV, é para o povo.
Existe uma série de temas que
impõem que se crie uma comissão que investigue a situação do
Estado democrático de Direito
na Venezuela", disse Iturralde.
A proposta foi feita por volta
das 17h30. Antes, foram debatidos outros temas, como o regimento interno, que não pôde
ser aprovado porque não havia
quórum, já que só 3 dos 18
membros da delegação paraguaia estiveram presentes.
"A vontade de integração da
Venezuela não está em questão, está demonstrada na cooperação energética e financeira. Menos ainda está em questão o caráter democrático do
governo do presidente Chávez", rebateu o venezuelano Alfredo Murga. A Venezuela participa do Parlamento do Mercosul com uma delegação sem
direito a voto, já que o processo
de adesão do país ao bloco ainda não foi concluído.
Murga defendeu o fim da
concessão à RCTV, que saiu do
ar no último dia 27. "A não-renovação da concessão foi uma
medida não só legítima como
legal", afirmou. A delegação venezuelana distribuiu um DVD,
chamado "Digam a verdade",
no qual sustenta que a licença
não foi renovada porque a programação da RCTV -que
apoiou o golpe contra Chávez
em 2002- é ofensiva à moral e
aos bons costumes, e não por
questões políticas.
Enquanto Murga falava, a delegação argentina deixou o Parlamento, embora a sessão estivesse inicialmente marcada para continuar hoje. Os argentinos alegaram que o cancelamento do vôo que os levaria a
Buenos Aires, às 21h, obrigou
que saíssem mais cedo para pegar o vôo das 19h30.
A saída dos argentinos fez
com que o presidente do Parlamento, o uruguaio Roberto
Conde, encerrasse a sessão sem
que a proposta de Iturralde fosse avaliada. O deputado questionou a decisão, já que o protocolo constitutivo do Parlamento diz que a sessão não pode ser
iniciada sem que haja membros
de todos os países, mas não que
ela tem que ser encerrada caso
isso ocorra.
A delegação brasileira, ao
contrário do esperado, não se
manifestou sobre o tema.
Quem chegou mais perto foi o
senador Pedro Simon (PMDB-RS). "Nós temos que superar
pequenos desentendimentos.
O presidente de uma república
amiga não foi feliz ao se referir
ao Senado do Brasil", disse.
A questão da RCTV agora deve ser debatida pelo Parlamento do Mercosul na sua próxima
sessão, que ocorre em 30 de julho, também em Montevidéu.
Texto Anterior: México afasta da chefia da polícia federal 284 agentes Próximo Texto: Conoco e Exxon podem sair da Venezuela Índice
|