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França premia Líbia com acordo nuclear
Sarkozy visitou o ditador Gaddafi, em agradecimento à libertação na terça de enfermeiras búlgaras e médico palestino
Jornal afirma que Qatar,
França e europeus pagaram
US$ 461 mi à ditadura; Rice diz que também irá a Trípoli e cita investimento dos EUA
DA REDAÇÃO
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, visitou ontem a
Líbia, dentro de uma operação
destinada a reintegrar a ditadura de Muammar Gaddafi "no
concerto das nações". Em Washington, a secretária de Estado,
Condoleezza Rice, declarou
que também pretende "brevemente" visitar o país e que os
empresários americanos estão
interessados em investir nele.
As manifestações retribuem
o desfecho positivo de negociações que permitiram libertar,
anteontem, cinco enfermeiras
búlgaras e um médico palestino, acusados de infectar com o
HIV 426 crianças num hospital
da cidade de Benghazi e primeiramente condenados à morte.
A França e a União Européia
-da qual a Bulgária é membro- lideraram o diálogo com a
Líbia, que resultou na comutação da pena e na libertação.
Segundo o "Le Monde", uma
das iniciativas de Sarkozy foi a
reativação do acordo nuclear
assinado no ano passado. A indústria francesa se comprometeria a fornecer reatores para a
produção de energia elétrica.
Uma entidade francesa que se
opõe à energia nuclear protestou contra a "barganha" de reatores pelas enfermeiras.
Sarkozy também assinou um
acordo de cooperação militar e
industrial cujos detalhes eram
ainda ontem desconhecidos.
Operação triangular
O jornal "Le Monde" detalhou uma operação triangular
para que Qatar, França e outros
países da UE arcassem com os
US$ 461 milhões que indenizarão familiares das crianças infectadas. O dinheiro iria para
uma entidade privada, o Fundo
Internacional do Benghazi, que
o reverteria ao Fundo de Desenvolvimento Econômico e
Social líbio, responsável por
distribui-lo às famílias.
Benita Ferrero-Waldner, comissária das Relações Exteriores da UE, disse que o fundo poderia receber doações oficiais e
privadas. Mas o ministro do Exterior líbio, Abdelrahman
Chalgham, disse que "todos pagaram", citando nominalmente
a UE e o governo francês.
Assessores de Sarkozy haviam afirmado anteontem que
nenhum pagamento havia sido
feito. Ontem, no entanto, a UE
procurou caracterizar seu esforço como "contribuição" e
não como "resgate" do grupo.
Estes, em entrevista em Sófia, disseram estar dispostos a
acionar tribunais internacionais "contra responsáveis pelas
torturas" que sofreram durante
os oito anos de prisão.
Familiares das crianças infectadas protestaram contra o
decreto presidencial búlgaro
que agraciou o grupo e o desobrigou de cumprir pena de prisão perpétua na Bulgária.
A boa vontade para com a ditadura líbia não é unânime. O
ministro belga das Relações
Exteriores, Karel De Gucht,
disse que "não podemos premiar a Líbia por ter libertado
pessoas que ficaram presas em
condições medonhas".
A Anistia Internacional interpelou Ferrero-Waldner para que ela explique se o acordo
firmado com a Líbia também
trata dos direitos humanos.
Com agências internacionais
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