São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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TRAGÉDIA

Dois Tupolev de passageiros caíram terça à noite com intervalo de 3 minutos; morreram 89, e ex-KGB investiga

Rússia ignora se terrorismo abateu aviões

DA REDAÇÃO

A Rússia deu ontem informações desencontradas -existência ou não de terrorismo- sobre as circunstâncias de dois acidentes aéreos ocorridos com uma diferença de três minutos, na noite de terça-feira. Neles morreram 89 passageiros e tripulantes. As vítimas eram russas, com a exceção de dois cidadãos israelenses.
Um Tupolev-154, que voava entre Moscou e Sochi, no mar Negro, caiu às 22h59, hora local (15h59, em Brasília), matando 46 pessoas. O segundo aparelho, um Tupolev-134, ligava Moscou a Volgogrado. Ele caiu às 22h56 e transportava 45.
Três indícios desmentiam a tese de atentados terroristas. O primeiro veio de Londres, onde um representante dos separatistas da Tchetchênia -que têm atingido alvos civis russos- negou à Reuters vínculos com os acidentes.
Akhmed Zakayev, porta-voz do líder separatista Aslan Maskhadov, afirmou que "em absoluto" seu grupo não havia provocado a queda dos aviões de passageiros.
E ainda: a France Presse cita um responsável do FSB, ex-KGB, o serviço russo de inteligência, para quem um exame sumário dos destroços do TU-154 e do TU-134 indica que não ocorreram explosões capazes de derrubá-los.
O terceiro indício foi dado pela Associated Press. A agência transcreve o relato de um outro responsável do FSB, para quem os investigadores verificavam se os aviões sofreram os efeitos de combustível adulterado ou de baixa qualidade.
Tanto o vôo 1047, da Sibir Airlines, quanto o 1303, da Volga Aviaexpress, partiram do mesmo aeroporto, de Domodedovo, utilizado para vôos regionais.
Mas a hipótese de atentado terrorista era sustentada por um indício eloqüente: o TU-154 que se dirigia a Sochi emitiu para a torre de controle um sinal de alarme, utilizado em caso de seqüestro.
Isso levou um tribunal de Rostov, cidade perto da qual o avião se acidentou, a abrir um processo criminal por "delito contra a segurança dos transportes".
Um porta-voz credenciado pelo FSB para falar sobre o caso, Sergei Ignatchenko, disse a uma emissora de TV que "a hipótese de terrorismo não estava descartada", embora até ontem à noite as autoridades não tivessem nenhuma pista que a reforçasse.
Um outro dirigente do FSB disse que os locais dos dois acidentes, distantes cerca de 800 km, estavam castigados na terça à noite por fortes tempestades, razão pela qual não se afasta a possibilidade do fator meteorológico.
Os dois aviões acidentados estavam em dia com suas revisões técnicas, segundo as autoridades locais. O TU-154, fabricado em 1982, tinha sido reformado em 1993 e poderia voar 37 mil horas, 6.000 a menos que voou. Quanto ao TU-134, ele foi fabricado em 1977 e reformado em 1996.
Foram encontradas as caixas-pretas dos dois aviões, com o registro dos vôos e de conversas entre os tripulantes nas cabinas. Não haviam informações sobre o conteúdo desses arquivos.
O presidente Vladimir Putin determinou que as causas dos dois acidentes fossem rapidamente esclarecidas, segundo o Kremlin.
A possibilidade de terrorismo levou a segurança dos aeroportos russos a ser reforçada.


Com agências internacionais


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