São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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Israel se prepara para eventual conflito com Irã

France Presse
Libanesa vasculha os escombros de sua casa, em Sidiqin, no sul do Líbano; região foi arrasada após 34 dias de conflito com Israel


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

O Exército de Israel iniciou nesta semana uma série de medidas para reformular sua política militar após o conflito com o Hizbollah e que representam possíveis preparativos para o caso de guerra contra o Irã.
O comandante da Força Aérea israelense, Elyezer Shkedy, foi nomeado ontem pelo chefe do Estado-Maior, Dan Halutz, para ser o comandante de um possível confronto militar com "países que não fazem fronteira com Israel"-em outras palavras, o Irã.
Shkedy, segundo a imprensa de Israel, será encarregado de coordenar as ações conjuntas do Exército com o serviço secreto, o Mossad, e com a Inteligência Militar em caso de guerra envolvendo o Irã. A imprensa local revelou também que o país assinou contrato de compra de três submarinos Dolphin da Alemanha, no valor de US$ 1,27 bilhão, com financiamento do governo de Berlim. Os entendimentos do negócio começaram no ano passado.
Apesar de o governo alemão afirmar que os submarinos não serão entregues antes de 2010 e que não terão capacidade de disparar armas nucleares, a compra revela que Israel leva a sério a probabilidade de uma guerra ampla envolvendo Teerã, talvez nuclear.
A Marinha israelense tem pelo menos três submarinos equipados para atacar com armas atômicas. Israel não confirma que tem bombas nucleares, apesar de o arsenal ser estimado por especialistas em mais de 200 mísseis chamados Jericó. Extra-oficialmente, o país afirma que nunca será o primeiro a usá-las e que somente usaria armas nucleares em caso de colapso total de defesa.
As medidas surgiram depois que o Irã -em resposta a pacote de incentivos apresentado pelas potências atômicas do Conselho de Segurança (CS) da ONU mais a Alemanha- pediu uma nova rodada de negociações, mas não se comprometeu a suspender suas atividades para o enriquecimento de urânio. Ontem, a Rússia se disse contrária à imposição de sanções caso Teerã não mude sua posição até o dia 31.
Teerã iniciou nesta semana exercícios militares aéreos e terrestres e testou mísseis de longa distância terra-terra. O mulá Ahmad Khatami, um dos líderes religiosos islâmicos do Irã, disse que o país atacará Tel Aviv com mísseis em caso de ação militar dos EUA.
É improvável que Israel inicie um ataque ao Irã por conta própria. Mas ao "mostrar os dentes", o governo de Ehud Olmert leva a comunidade internacional a ser mais ativa, ao menos no campo diplomático, em conter os planos iranianos.


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