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Precariedade e incerteza marcaram cativeiro
DA REDAÇÃO
As luzes ficavam acesas o tempo todo. As cadeiras do teatro viraram camas e o fosso da orquestra virou um "banheiro público",
mesmo sem nenhum papel higiênico ou água. O cheiro ia ficando
cada vez pior. No meio de tudo,
surgiu uma grande solidariedade
entre os reféns presos na antiga
Casa da Cultura de Moscou.
"Eles se transformaram num tipo de família. Alguns deles discutiam, outros tentavam rir da situação. Eles estavam apenas tentando sobreviver", disse o médico
Leonid Roshal, um dos cinco médicos que puderam entrar no teatro desde o começo do sequestro.
"Muitos deles sofriam com o estresse... Alguém pode imaginar
como é a vida nessas condições?",
pergunta Roshal.
Segundo ele, as mulheres tomaram a frente da organização e tentavam manter algum tipo de ordem no uso do "banheiro".
O estresse não vem só da falta de
higiene, mas da incerteza: ninguém sabia o que iria acontecer,
se tropas entrariam no prédio ou
se os sequestradores começariam
a matar pouco a pouco os reféns.
Usando seus celulares, alguns
dos cativos conseguiram entrar
em contato com familiares ou
passar mensagens dos sequestradores para as autoridades.
Tatiana Vladimirovna, 57, mãe
de uma das reféns, entrou em desespero. Tentando fazer com que
um policial falasse ao celular, ela
pedia insistentemente: "Minha filha ligou há uns dez minutos implorando para que vocês não ataquem! Vocês vão atacar? Explique
a ela o que está acontecendo!"
Uma outra mãe recebeu uma
mensagem de seu filho de 15 anos:
"Mãe, até agora, tudo bem".
"Onde está Putin? Ele já falou na
TV?", perguntou impacientemente ao celular a cardiologista
Maria Shkolnikova. Era possível
ouvir os gritos dos terroristas
atrás dela: "Vocês já estão aqui há
mais de dez horas e seu governo
nada fez para salvá-los!"
O canal de comunicação durou
pouco. Na noite de quinta-feira,
os celulares que não foram confiscados pelos sequestradores começaram a ficar sem bateria.
"Está mudo", disse Boris Gubanov, 21, jogando-se desconsolado
numa cadeira depois de tentar ligar para uma refém, a namorada.
Com agências internacionais
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