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Jovens tchetchenos querem vingança
NATALIE NOUGAYRÈDE
DO "LE MONDE", NA TCHETCHÊNIA
Os combatentes tchetchenos
saíram da floresta e entraram no
vilarejo em grupos. Eles se esgueiraram entre os quintais das casas
e se posicionaram ao lado da estrada, com fuzis Kalashnikov, lança-granadas e metralhadoras. Ao
raiar do dia, os moradores, temendo enfrentamentos, fugiram.
A cena aconteceu no final de
agosto num povoado a sudoeste
de Grozni. Ela ilustra o recrudescimento dos confrontos nos últimos meses na Tchetchênia. Blindados russos que tentaram se
aproximar tiveram de recuar.
"No fim do dia, os "boeviki"
[combatentes] se retiraram para
as montanhas, depois de terem
controlado o povoado durante o
dia todo", contou um morador.
"Eles fizeram uma demonstração
de força. Seu comandante disse
que eles estavam obedecendo a
ordens de Aslan Maskhadov [o
presidente da autoproclamada
Tchetchênia independente]."
Em três anos de guerra, as forças russas ainda não conseguiram
derrotar os combatentes independentistas. No início do conflito atual, Vladimir Putin, então
primeiro-ministro, declarou que
o cenário da primeira guerra
(1994-1996) -quando o impasse
militar e as perdas russas levaram
a um processo de negociação e à
retirada das tropas da república- não iria se repetir.
Os generais prometiam uma
guerra curta. Mas, até agora, as
forças russas não prenderam nenhum dos chefes da guerrilha. Esta, alguns meses atrás, mandou
avisar que está unificada sob o comando de Maskhadov.
Muitos jovens tchetchenos manifestam seu desejo de vingança.
A população está dividida entre
os jovens radicais para os quais a
escolha é entre a liberdade ou a
morte, e uma geração mais velha,
que se recorda da era soviética e
acha que a sobrevivência do povo
tchetcheno exige o fim das operações de guerrilha.
No dia seguinte à incursão dos
combatentes independentistas
em Gekhi Tchu, os soldados russos fizeram uma "limpeza" na vila
e levaram embora vários homens.
Um tanque russo avançou sobre uma parte do cemitério, destruindo os túmulos dos "shahid",
o termo usado pelos jovens tchetchenos para designar os "mártires" mortos no jihad.
A guerrilha tchetchena compra
a maior parte de suas armas das
tropas russas, que as contrabandeiam. Ela é composta por pequenas unidades que se misturam à
população. Alguns combatentes
chegam ao ponto de integrar as
milícias pró-russas, para atuar como "fachada"; outros se unem
aos grupos escondidos nas montanhas. "Como essa guerra vai
terminar, eu não sei", disse um jovem simpatizante dos rebeldes.
"A Rússia se embala na ilusão de
que nós, tchetchenos, vamos aceitar nos submeter a ela e viver sob
sua égide, ao mesmo tempo em
que ela nos massacra."
Tradução de Clara Allain
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